Depressão: uma doença que tem cura
Cientistas norte-americanos alertam para esta nova «epidemia»
Dezasseis por cento dos norte-americanos, mais de 30 milhões de pessoas, vão sofrer algum momento de depressão grave no decorrer das suas vidas, o que acarreta prejuízos de 30 biliões de dólares.
Em Portugal, pensa-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens possam vir a ter crises depressivas durante a vida, desde a juventude até à terceira idade.
Além do mais, segundo um estudo recente, o consumo de antidepressivos duplicou na última década no país. Das cerca de 1,8 milhões de embalagens vendidas em 1992 passou-se para perto de quatro milhões em 2001.
De acordo com dados do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), enquanto o número de embalagens vendidas tem subido a um ritmo médio de 600 mil a 700 mil por ano, os custos para o SNS mais do que duplicaram entre 1997 e 2001, passando de quase 48 milhões de euros para cerca de 99,5. Neste total pesa, sobretudo, a despesa com antidepressivos, que representa metade da factura.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão, que actualmente é a quarta causa de incapacidade, vai ocupar em 2020 a segunda posição, logo a seguir às doenças cardiovasculares.
A pesquisa norte-americana liderada por Kathleen Merikangas, do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, foi feita junto a nove mil adultos em 48
Estados, e indicou que aproximadamente 13 milhões de norte-americanos, ou seja, mais de seis por cento do total, sofreram de depressão nos últimos 12 meses. Só metade, aproximadamente, recebeu algum tipo de tratamento, e apenas em metade desses casos o tratamento foi correcto. «O impacto que encontramos é absolutamente dramático. Afecta empregos, casamentos e relações com os filhos», disse Merikangas.
Metade dos casos enquadra-se na descrição da Associação Psiquiátrica Americana para depressão profunda, que dura mais de quatro meses.
A pesquisa conduzida por Merikangas foi publicada, junto com outras do mesmo tipo, numa edição especial da revista Journal of the American Medical Association. Os textos mostram que tanto médicos quanto pacientes não sabem identificar correctamente os sintomas da depressão, cujo tratamento é feito com terapia e medicamentos. «Muita gente não sabe que pode conseguir ajuda», alerta a investigadora.
A depressão torna-se menos frequente entre pessoas mais velhas, que normalmente já têm uma vida mais estável, segundo o estudo. «Parece que a depressão é mais comum entre jovens adultos», afirmou Merikangas. «Descobrimos taxas maiores de depressão também entre os que são pobres e menos escolarizados.» Os números podem ser ainda mais graves, segundo a investigadora, porque a pesquisa não incluiu os sem-abrigo ou pessoas que vivem em albergues.
As mulheres são particularmente vulneráveis à depressão, especialmente as que têm filhos, são pobres e têm pouco apoio socio-financeiro, afirmou a cientista.
Os sintomas variam de desânimo e perda de apetite a distúrbios da fala e tendência suicidas. «As pessoas com depressão sentem-se num buraco negro do qual não podem fugir», disse Merikangas.
Outra estudo, desenvolvido por Walter Stewart, investigadora do Sistema de Saúde Geisinger, na Pensilvânia, mostrou que os custos envolvidos ultrapassam os pacientes e as suas famílias. A equipa ouviu cerca de 1.190 adultos e descobriram que 9,4 por cento dos trabalhadores sofrem de alguma forma de depressão. E mais: que perdem, em média, 5,6 horas de trabalho por semana por causa da doença, número que cai para 1,5 hora entre os trabalhadores que não sofrem de depressão.
Metade do tempo perdido, adverte o estudo, acontece mesmo com o trabalhador na empresa -- uma situação conhecida como «presenteísmo», em que o funcionário, embora picando o ponto, gasta mais tempo nas suas tarefas e é menos eficiente que os seus colegas saudáveis.
Traduzido e adaptado por:
Paula Pedro Martins
Jornalista
MNI-Médicos Na Internet
01 de Julho de 2003
FONTE.Saúde na Internet
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