quinta-feira, 25 de março de 2010

17ºCRIANÇAS NORTE AMERICANAS QUE SOFREM DE DEPRESSÃO

Crianças que sofrem caladas
Segundo pesquisas, entre 1,5 e 3 milhões de norte-americanos com
menos de 18 anos estão seriamente deprimidos

Alfredo Castro Neto

Antigamente pensava-se que as crianças não tinham conhecimentos suficientes para ficarem deprimidas. Porém, com os avanços da bioquímica cerebral ficou demonstrado que as crianças não só sofrem de depressão como, também, de todas as outras formas de distúrbios afetivos. Daí, alguns pesquisadores crêem, hoje, que podemos estar vendo nas crianças o resultado final de gerações de distúrbios afetivos e problemas de abuso de drogas não-tratados.
O National Institute of Mental Health, em Maryland, estima que mais de 1,5 milhão de americanos com menos de 18 anos estão seriamente deprimidos. Pesquisadores da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência acham que esse número é duas vezes maior do que o estimado pelo instituto. A grande verdade é que ninguém sabe, realmente, o número certo porque é mais comum não diagnosticar depressão em crianças do que detectar e tratar. Um estudo recente mostrou que 8% das crianças em idade pré-escolar apresentam sinais clinicamente significativos de depressão.

Os efeitos
A depressão tem efeitos sérios e de grande repercussão na vida de uma criança, prejudicando o desempenho escolar e as interações com amigos e familiares. O relacionamento com a mãe, em particular, costuma distanciar-se.
As crianças com depressão não só são mais tímidas do que as outras, mas, também, têm maior chance de ser alvo de zombarias, o que, naturalmente, afeta a sua auto-estima, reforçando a depressão. Os distúrbios afetivos têm efeito sobre a capacidade cognitiva da criança.
Na escola, as crianças depressivas podem acabar sendo colocadas em níveis abaixo de sua capacidade intelectual. Quase sempre apresentam dificuldade de concentração, o que leva ao desinteresse e ao fracasso. Distraem-se e cansam-se com facilidade, fato que se reflete na capacidade de fazer as tarefas escolares. Seus conceitos em leitura, escrita e matemática são mais baixos do que os das outras crianças. O fraco desempenho escolar faz com que se sintam ainda piores em relação a si mesmas. Caso o distúrbio afetivo não seja tratado, os problemas escolares e seus efeitos sobre a auto-estima podem prosseguir até à idade adulta.
Os sintomas da depressão infantil podem ser vistos – e com freqüência o são – como comportamentos razoavelmente “normais”. A recusa em freqüentar a escola, por exemplo, pode ser um sinal de depressão na criança, e os pais e professores muitas vezes não o reconhecem. O desempenho escolar insatisfatório é, também, sintomático, embora uma criança possa sair-se maravilhosamente bem na escola e, ainda assim, apresentar um quadro de depressão.
A criança pode, também, apresentar algum tipo de distúrbio do comportamento ou uma tendência a se acidentar. Portanto, quando a criança depressiva é levada para ser avaliada, isso se dá, em geral, porque ela está “pintando o sete”. O seu comportamento está perturbando alguém. Na verdade, as crianças cujo comportamento não perturba, quase sempre não recebem tratamento – até que apresentem problemas graves. Às vezes os pais se queixam de que a criança era sempre muito temperamental, sempre se aborrecia com coisas mínimas e era difícil acalmá-la. Ela sempre teve essas fases de agir de forma muito tola e estourada, e rir sem nenhum motivo aparente. De fato, quando os pais vêem acessos de fúria e irritabilidade, raramente pensam em depressão.

Um entrave
Um fato inconteste é que a depressão pode entravar o livre desenvolvimento da criança. Assim, o bebê pode não se desenvolver fisicamente; a criança começando a andar pode apresentar acessos de fúria prolongados; aquela na escola maternal pode ser excessivamente agressiva ou retraída, a na escola primária pode evitar a escola; o adolescente pode recusar-se a ouvir.
É verdade que as crianças mais jovens quase nunca expressam a sua tristeza abertamente, mas se mostrarão tristes e entediadas, perderão o interesse em atividades que antes lhes agradavam e poderão adotar comportamentos para chamar a atenção, como uma forma de comunicar seu sofrimento e/ou de obter alívio para a sua depressão.
A criança deprimida pode ter dificuldade em expressar o que está sentindo. Quase nunca uma criança dirá: “Estou triste”, mas isso não significa, necessariamente, que ela não esteja deprimida. Além disso as suas relações com os membros da família – as pessoas com cujo apoio ela deve contar – podem romper-se.
Com freqüência, os pais que têm filhos portadores de distúrbios afetivos não conseguiram resolver seus próprios distúrbios, e assim as coisas ficam escondidas.
Um estudo sobre a família realizado pelo National Institute of Mental Health em associação com a Universidade Yale, mostrou que as crianças filhas de pais deprimidos, na faixa etária de 6 a 17 anos de idade, têm uma probabilidade duas a três vezes maior de desenvolver uma depressão profunda do que os filhos de pais que não apresentam o distúrbio. Essas crianças também apresentam um risco triplicado de qualquer diagnóstico psiquiátrico. Se os pais, além de depressão, também sofrerem do distúrbio do pânico ou de agorafobia, o risco de uma depressão e de distúrbio de ansiedade na criança aumenta.
Entre as crianças pré-adolescentes, o abuso do álcool encontra-se, intimamente, associado a distúrbios afetivos.
A conduta para os casos de depressão na infância é medicamentosa e psicoterápica. O tratamento medicamentoso feito com antidepressivos (tricíclicos) devem ser prescritos somente pelo psiquiatra infantil devido ao fato do tratamento em crianças requerer um especial e adequado ajuste de dosagem. A psicoterapia é, também, fundamental, pois é quase inevitável que a experiência de um distúrbio afetivo na criança prejudique a sua auto-estima


FONTE,brasil rotário onlaine

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