domingo, 28 de março de 2010

5ºNOMOFOBIA,UM MAL DA MODERNIDADE

NOMOFOBIA, o mal do século XXI

Você já se deparou com pessoas que não conseguem ficar "desplugadas" do celular nem um instante do dia? Essas pessoas entram num estado de profunda ansiedade e angústia quando se vêem sem o celular ou com a carga da bateria acabando ou quando ficam sem créditos. A necessidade de estar conectado com o trabalho, com a família, ou de simplesmente estar conectado ultrapassa as raias da nossa compreensão. Na Inglaterra, uma pesquisa feita no The Royal Post constatou que 58% dos britânicos e 48% das britânicas sofrem deste mal, ficando em pânico quando enfrentam um problema em seus celulares. O nome vem do inglês no=no +mo=mobile + phobia= FOBIA, ou seja, fobia de não estar com o celular ligado. Segundo Fox-Mills,coordenador da pesquisa no Reino Unido, o problema pode ser secundário ao ritmo acelerado da vida, onde a pessoa precisa ficar acessível em qualquer lugar as 24 hs do dia.
Além do fato de que os "pequeninos fantásticos" são realmente super poderosos! Discretos, cabem em qualquer bolso, charmosos, sedutores, nas cores da sua preferência, tocando o seu som preferido, são considerados nosso fiel escudeiro ou nosso mordomo de luxo. Com eles, nós podemos adiantar horas do nosso dia, pois sem sair de casa podemos acessar nossas contas bancárias, telefonar para dar e receber recados importantes, mandar torpedos para o namorado dizendo eu te amo, fazer negócios na bolsa de valores, e tudo mais...
Muitas pessoas nomofóbicas não aceitam que são portadores desse tipo de fobia e botam a culpa nas mais variadas causas. Muitos colocam a desculpa no trabalho, mas a verdade é que a ansiedade de ficar sem contato com amigos é outro motivo visível, embora não admitido. É comum ouvirmos histórias do tipo: “Olha, eu não tenho medo de perder meu celular não, mas não posso deixá-lo em casa, eu trabalho com ele, falo com todo mundo e ficaria isolado sem ele, é por que é essencial para o meu trabalho, só por isso”.
A NOMOFOBIA cursa com quadro arrastado e crônico, gerando impacto negativo severo na qualidade de vida da pessoa, globalmente. Em primeiro lugar, a pessoa tem que ficar atenta, sempre que passar a se desinteressar por atividades sociais, afetivas e de lazer que anteriormente ele gostava. O processo é “traiçoeiro”, vai minando lentamente a pessoa, que passa a despender cada vez mais, horas do seu dia, a determinada situação. Ao cabo de semanas ou meses, a pessoa já fica impotente, sem energia e motivação para retomar a vida que sempre levou, apesar do desespero e duras criticas da família, no sentido de que ele largue aquele “vício”, e volte a ser a pessoa que sempre foi. Um outro sintoma inicial é o afastamento da pessoa de amigos e parentes com “desligamento emocional” das coisas que antes sentia prazer, na medida em que toda a sua libido passa a se fixar em uma só atividade, por várias horas do dia, levando a sério comprometimento da qualidade de vida da pessoa. O tratamento envolve terapia, com retirada do aparelho celular, e muitas vezes, a introdução de medicamento se faz necessária.

FONTE,SHVOONG

4ºCUIDADO VOCE PODE ESTA SE TORNANDO UM NOMOFÓBICO SEM SABER

Se você pertence à geração Y (nascidos na década de 80*), comece a se preocupar, pois corre altos riscos de ser mais uma das vítimas da legião de nomofóbicos que cresce assustadoramente nos países industrializados.

Nomofobia significa a dependência exagerada aos dispositivos eletrônicos, palavra oriunda das palavras inglesas “NO” + “MOBILE” + sufixo grego “PHOBIA (φόβος) = ansiedade por abstinência de comunicação portátil. Seria exagero defini-la como uma doença? Não, quando na falta dos aparelhos, a pessoa sente sensações bizarras, tais como palpitações, falta de ar, angústia, taquicardia, suor frio, fraqueza, pensamento fixo, etc.

[juicyrai]
Monges indianos tergiversam alegremente sobre os objetos da sua Nomofobia. Nem os templos budistas se salvaram do mal que consome a Geração Y!



O uso de modernas tecnologias não é por si mesmo benéfico ou danoso, mas o efeito que elas provocam em cada indivíduo pode desencadear uma compulsão psicológica, esta sim altamente prejudicial à qualidade de vida do sujeito.


Uma das prováveis maiores causas de desencadeamento da Nomofobia é a mania dos pais de abarrotarem seus filhos desde bebês de toda a sorte de tralhas eletrônicas, num gesto compensatório para repor aos filhos aquilo que eles julgam não ter tido na sua própria infância.

Para criar o Frankstein nomofóbico típico, os pais inundam a vida dos futuros doentes de brinquedos assassinos repletos de luzes, sons e movimentos, que cerceiam a imaginação e deturpam a criatividade.


Depoimento patético de um nomofóbico:
Sofro e Nomofobia desde criança provavelmente. Sempre fui dependente de brinquedos que traziam algo de mais avançado tecnologicamente, com muitos sons, movimento e iluminação. Hoje, se saio de casa sem o celular, mp4, som no meu carro, agenda eletrônica, se chego em casa e o computador ou os aparelhos eletrônicos não funcionam como espero, nesses casos entro praticamente em surto, em estresse de alto nível. Já busquei ajuda, como terapias, pois até no meu trabalho estava sentindo dificuldades, afinal só produzia estando conectada ao mundo cibernético! Já passei por crises de ansiedade por esquecer o celular em outra bolsa, e quando percebi que ele não se encontrava ao meu lado, obedecendo os meus comandos, pois eu poderia estar naquele momento perdendo oportunidades e perdendo ligações de amigos e namorado. Comecei então a sentir enorme falta de ar, e o meu coração batia aceleradamente, fiquei achando que aquele foi o pior dia da minha vida e luto atualmente para depender o minimo de tecnologia! [Tuga Trónica]

Conclusões:
Como se sucede com todas as compulsões, a Nomofobia não tem cura. Portanto, o indivíduo portador deste mal terá o resto da vida para lutar contra o sofrimento psicológico provocado inadvertidamente por pais ignorantes e/ou irresponsáveis que exterminaram o futuro dos seus filhos.

Assim, baseado nas informações acima, você já pode fazer uma auto-análise para tentar diagnosticar o seu grau de dependência ao universo cibernético. Se a sua ansiedade só tem crescido nos últimos anos, é hora de procurar ajuda em quanto é tempo e rezar para que encontre alguém que entenda o seu problema, pois apesar de no Brasil ainda não se falar em procedimentos clínicos de Desintoxicação Tecnológica, a coisa já é corriqueira em países tais como na Grã Bretanha e China, onde estão sendo internados crianças, adolescentes e adultos em clínicas e centros especializados para se livrarem ou mitigarem a compulsão.
Leia mais: Centro na China usa técnica militar para tratar viciados em Web [UOL Tecnologia].

(*) Geração Y [Galileu].

Leia também:
Brinquedos Assassinos.
Compulsão, o novo mal do Século XXI.

Assuntos: Saúde
20 COMENTÁRIOS:

Anônimo disse...
"Depoimento patético"

Deveria existir pelo menos respeito para com essas pessoas que não são dependentes porque querem.

01/03/10 15:26
Isaias Malta disse...
Não sei de onde você tirou esta conotação pejorativa para a palavra "patético". Vejamos, segundo o Aurélio: "que comove a alma, despertando um sentimento de piedade ou tristeza, confrangedor, tocante".
A corroborar este sentido de enternedor, a sonata para piano nº 8, em Dó menor opus 13 de Ludwig Van Beethoven foi apelidada de "Patética" justamente por encarnar os predicados encerrados nesta palavra.
Você pode apreciar a passagem mais patética, 2º movimento adagio cantabile, no You Tube sob a intrepretação do pianista Freddy Kempf.

01/03/10 15:48
ROBERTOKE disse...
ouch!! ;-)
Belo texto e invariavelmente um ótimo assunto!
Um abraço Isaias,

02/03/10 13:16
Mario Ventura de Sá disse...
A Internet quebrou barreiras, aproximando a comunidade global, trouxe, por outro lado, os interdependentes do pequeno ecrã.
Todos os dias essa imensa massa de gente que utiliza as redes sociais aumenta e com ela aumenta a ‘escravatura’.

Adultos que podiam partilhar o seu tempo com os filhos, amigos ou desconhecidos agarram-se ao computador, armados,por exemplo,em agricultores virtuais, programando a sua vida por forma a não perderem a hora da rega ou do cultivo dessa imensa quinta global.

Se no passado as pessoas temiam que os seus filhos entrassem na droga ou no jogo,hoje temem que se tornem prisioneiros dessa rede social virtual. Que em vez de conversarem à hora do jantar, altura em estão todos juntos,prefiram refugiar-se no computador.
Os telemóveis com câmara de fotografar e filmar são, indiscutivelmente, uma das grandes invenções dos últimos anos.
O planeta ficou mais próximo com essa arma poderosa.
Não há ditadura que consiga cegar esse grande olhar.
Se há vantagens infindáveis nos telemóveis, também há muitos aspectos negativos.
A privacidade desapareceu, ninguém pode ir tranquilamente a um cinema ou a um lugar público sem se sujeitar a que esse acto fique registado por um paparazzo de serviço.
Esses são os custos da modernidade. Aos aspectos negativos, podem sempre contrapor-se as vantagens. Que são muito maiores do que os inconvenientes.
Quer isto dizer que as pessoas que fundamentam o seu permanente estado depressivo no número de horas que passam exibindo os seus traumas de infância como galhardetes que legitimam uma personalidade obscura, estão, a enganar-se a elas próprias,a justificarem a inércia com que se deixam sumir num cómodo papel de vítima que apela à comiseração.
Eu nasci optimista, logo metade da minha felicidade está garantida.
O que sinto é que é cada vez mais difícil permanecer optimista.
O nosso papel como seres que têm alguma capacidade de controlo sobre a racionalidade é o nosso dever, para manter em forma este corpo que nos alberga, em sossego, com lucidez o cérebro que o coordena e em paz a alma que nos eleva, acreditar que é possível conciliar o máximo de coisas boas com o mínimo de coisas más.
Não sou médico nem psicólogo,mas não creio que não haja cura,pois se é possível curar os toxicodependentes,os alcoólicos, além de outros vícios, certamente haverá tratamento se a comunidade científica se mobilizar.

FONTE,BLOGPAEDIA

3º Quem sofre de nomofobia não larga o celular nem para ir ao banheiro

18/03/2010 - 18h15
Quem sofre de nomofobia não larga o celular nem para ir ao banheiro
ROSANA FERREIRA
Da Redação
Getty Images

Nomofóbicos não conseguem se desprender da tecnologia; homens são maioria, segundo pesquisa britânica
CLÍNICA BRITÂNICA CRIA REABILITAÇÃO PARA VICIADOS EM VIDEOGAME
JOVENS PREFEREM INTERNET A PERGUNTAR AOS PAIS
O estudante Ricardo Barros Lima, 23 anos, de São Paulo, já teve de voltar para a casa assim que descobriu que havia esquecido o telefone celular. Apesar de morar longe do trabalho e da cara feia do chefe pelo atraso, ele não conseguiu se separar do aparelho por um dia. “Não consigo ficar sem o celular. Sinto muita angústia”, diz. Ele faz parte de um grupo que sofre um distúrbio dos tempos modernos, a nomofobia, que vem se juntar às fobias mais conhecidas, como medo de altura ou de espaços fechados.

Nomofobia é uma nova expressão usada para designar a sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar por estar em algum lugar sem seu aparelho celular ou outro telemóvel. Trata-se de um termo recente originado do inglês “no-mo” ou “no-mobile”, que significa sem telemóvel.

“A pessoa que sofre de nomofobia não consegue se desprender da tecnologia”, explica a professora Josyane Lannes Florenzano de Souza, mestre em Ciência da Computação e coordenadora do curso de Sistemas da Informação da Estácio UniRadial, unidade Moema, em São Paulo. E isso inclui celular, notebook, netbook e todo o aparato tecnológico que a deixa conectada com o mundo. “Ela pode esquecer a carteira ao sair de casa, mas não os aparelhos. Além disso, não desgruda do celular, por exemplo, nem para ir ao banheiro, à feira, à academia ou na hora do sexo”, diz ela, que sente na pele essa forte influência da tecnologia. “Em classe, metade dos alunos ficam conectados em seus notebooks e netbooks, além dos celulares”, conta. “Sempre fico com o celular ligado no vibracall na classe e, às vezes, saio para atender”, confirma Ricardo, que também leva o seu notebook para as aulas.

Sinais de alerta

Para ser caracterizada como fobia, a ausência desses tipos de aparelhos deve trazer prejuízo significante à vida, ou seja, causar sensação de pânico e impotência, atrapalhando a vida profissional e pessoal. Segundo a professora, quando as pessoas ficam dependentes desses aparelhos, elas passam a apresentar vários sinais ao ficar longe deles, como taquicardia, suores frios, dor de cabeça e sensação de nudez.

“Outro dia houve um curto-circuito em casa e fiquei sem internet. Entrei em pânico, pois veio uma sensação de estar fora do mundo, perdendo alguma coisa”, relata Ricardo.

Há ainda outras características comuns nos nomofóbicos:

Abandona tudo o que faz para atender o celular.
Nunca deixa o aparelho sem bateria.
Não carrega o celular na bolsa, bolso ou similares; prefere carregá-lo na mão para que possa atender imediatamente.
Interrompe a relação sexual para atender o celular.
Nunca esquece o celular em casa; se isso acontecer, volta de onde está para pegá-lo.
Sente-se mal quando acaba a bateria, quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.

Sinal vermelho

Para ser caracterizada como nomofobia, a ausência de aparelhos tecnológicos deve trazer prejuízo significante à vida

É claro que a tecnologia e a popularização da internet trazem benefícios inegáveis de ordem econômica e cultural para todo o mundo. Mas essas inovações também imprimem mudanças nas relações interpessoais, que devem ser bem observadas.

“Já deixei de sair com amigos porque não queria deixar o conforto de casa, pois tenho as ferramentas, como o MSN, para conversar com eles sem o inconveniente de pegar trânsito, fila”, confessa Ricardo.

Para a professora da Estácio UniRadial, quando uma pessoa transforma a vida por causa da tecnologia, ela precisa de ajuda, pois está deixando conviver com amigos, interagir com a família e ter atividades sociais.

Pesquisa

Segundo uma pesquisa feita pelo instituto YouGov para o Departamento de Telefonia dos Correios britânicos, 53% dos usuários de telefone celular do Reino Unido sofrem de nomofobia.

O estudo concluiu que a síndrome atinge mais os homens (58%) que as mulheres (48%). Das 2.163 pessoas ouvidas, 20% afirmaram não desligar o telefone nunca, e cerca de 10% disseram que o próprio trabalho as obriga a estarem sempre acessíveis.

Para 55% dos entrevistados, a urgência de estar com o celular sempre ligado e perto está relacionada com a necessidade de se estar sempre em contato com amigos e familiares.

Para 9% dos entrevistados, desligar o celular os deixa em um estado de profunda ansiedade.


FONTE,UOLESTILO.COMPORTAMENTO

2ºDEFINIÇAO DA NOMOFOBIA

O que é nomofobia

Curiosidades 30/09/09 Talita


Você já ouviu falar na palavra nomofobia? Pois bem, essa é a mais nova expressão usada para designar a fobia ou sensação de angústia diante da impossibilidade de se comunicar ou ver-se incontactável por estar sem um aparelho celular. Segundo o psicólogo responsável pelo Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas de São Paulo, esse vício pelos aparelhos celulares pode virar patológico, ou seja, uma doença. Pois, nesse mundo em que somos tão cobrados, o celular representa um canal para alívio de tensões e, com todo o aparato tecnológico que os celulares de hoje em dia possuem – rádio, câmera, internet e tudo mais – eles oferecem uma sensação de que podemos ter controle de tudo e resolver qualquer problema e até carências afetivas através desse único aparelho. Para ser caracterizado como uma fobia, a ausência do aparelho deve trazer prejuízo significante à vida da pessoa, ou seja, causar a sensação de pânico e impotência e, até atrapalhar relacionamentos. Por isso, a importância da cautela no uso dos aparelhos celulares e de qualquer outra tecnologia como os computadores, por exemplo. Pois, sabemos que essas tecnologias são importantes para nossa vida profissional, pessoal e afetiva, mas devemos ter controle e não achar que eles são fundamentais e sem eles não vamos viver. Muito pelo contrário, pois há algum tempo atrás eles não existiam e, mesmo assim os contatos eram mantidos.

FONTE,GUIADICASGRATIS

1ºO QUE É NOMOFOBIA

Nomofobia: Síndrome causada pela falta de celular

Conhecido como o mal do século XXI, o termo define o desconforto causado pela falta de possibilidade de comunicação por meio do telefone móvel.
Por Débora RamosTamanho do texto: A Imprimir

Só de imaginar a possibilidade de ficar sem celular, algumas pessoas já sentem a angústia que a falta deste aparelhinho pode provocar. O termo indicado para classificar o desconforto sentido por essa população é nomofobia, onde nomo vem da expressão inglesa “no-mo” (abreviação de “no-mobile”, que significa “sem telemóvel”); e fobia pode ser traduzido como medo.

A nomofobia, nomenclatura usada para designar o medo diante da impossibilidade de se comunicar através do celular, apesar de recente, vem se configurando como um problema cada vez mais comum na sociedade moderna. O motivo da vulgarização desta condição pode estar relacionado a cobrança exagerada que a chamada “Sociedade da Informação” impõe aos indivíduos de que estes estejam sempre disponíveis e cientes dos mais variados assuntos, relevantes ou irrelevantes.

Para ser caracterizado como uma fobia, a ausência do aparelho deve trazer prejuízo significante à vida da pessoa, ou seja, causar a sensação de pânico e impotência e, até atrapalhar relacionamentos. A angústia diante da impossibilidade de usar os gadgets – gíria usada para designar equipamentos tecnológicos usados no dia-a-dia, como laptos, mp3players e palmtops – também pode ser classificada como nomofobia.

É inegável que o avanço tecnológico advindo do celular tenha trazido inúmeros benefícios para o cotidiano das pessoas e, é importante lembrar, que este recurso pode ser decisivo em momentos emergenciais, entretanto, não é correto estabelecer uma relação de dependência com o aparelho.

De acordo com psicólogo Álvaro Guedes, o combate à nomofobia deve ser o mesmo usado contras as demais fobias. “O tratamento desta patologia não difere muito do aplicado à acrofobia ou à claustrofobia, (medo de altura e de lugares fechados, respectivamente), por exemplo, visto que, nestes casos, o que se combate é o mesmo: a ansiedade causada pelo tema”, disse o profissional.

Guedes ressalva, entretanto, que apesar do processo ser o mesmo, é necessário adaptar o conteúdo em cada caso distinto. Sobre a complexidade do tratamento, ele comenta: “A depender da intensidade da patologia, em aproximadamente quatro sessões de terapia já é possível notar a diminuição da ansiedade neste tipo de paciente”.

FONTE,NOMINUTO.COM

5ºSíndrome do Pânico já afeta milhões de brasileiros

Síndrome do Pânico já afeta milhões de brasileiros


Hoje com 70 anos, o militar Caio Gracco Wanderley teve uma vida normal até os 48, quando se aposentou como sub-tenente do Exército. Acostumado a trabalhar muito, especialmente quando chefiava treinamentos, Caio passou a estranhar a calma rotina de sua casa. Casado e pai de seis filhos, o aposentado percebeu os primeiros sinais do que seria diagosticado como Síndrome do Pânico, doença que atinge cerca de quatro milhões de brasileiros, segundo dados da Associação Norte-rio-grandense de Psiquiatria. O drama de Caio começou a partir do momento em que o simples ato de sair de casa para ir à padaria lhe causava desespero. As mãos suavam frio e de multidão ele queria distância. ‘‘Eu sabia que algo estava errado, mas no começo pensava que seria depressão. Então procurei uma psiquiatra que descobriu que era Síndrome do Pânico’’, declarou.

As crises de Caio eram diárias. Uma ida ao banco se transformava em um verdadeiro tormento. Tudo começava no transporte coletivo. Quando precisava ir de ônibus era um sufoco, mas a situação era ainda pior quando o ônibus lotava. ‘‘Eu não gostava de andar de ônibus porque estavam sempre cheios, mas quando andava e o ônibus ficava lotado eu descia antes do ponto sem pensar duas vezes. No banco era outro sacrifício. Se tivesse perto do caixa e a fila fosse aumentando, simplesmente descia e não fazia o que tinha ido resolver’’, disse.

Depois de 13 anos convivendo com a síndrome, Caio resolveu parar com a medicação que tomava diariamente, aos 62 anos, porque sentiu que muitos dos seus antigos medos tinham passado. ‘‘Já saia de casa sem ninguém, entrava no elevador e percebi que ficava sem problema numa fila de banco quando antes eu nem entrava por causa da quantidade de gente. Os exercícios físicos me ajudaram muito a controlar tudo. Por isso resolvi parar com a medicação’’, disse.

O único sintoma que permaneceu com Caio desde que se aposentou foi a insônia. Ele admite ser dependente de um remédio para dormir. ‘‘Como trabalhava muito no Exército fiquei acostumado com os horários de lá. Então como agora estou aposentado necessito mesmo desse remédio porque quando não tomo chego a ficar a noite inteira sem dormir. Mas os medos que tinha foram todos embora e estou curado’’, afirmou.

Sintomas podem confundir médicos

Respiração ofegante, sensação de sufocamento, dormência e taquicardia. Estes são alguns dos sintomas da Síndrome do Pânico, transtorno caracterizado principalmente por uma crise aguda de ansiedade. Como muitas dessas alterações são físicas, a maioria dos pacientes faz uma verdadeira peregrinação nos consultórios médicos até descobrir o diagnóstico exato.

Não é raro, segundo Myrna Chaves, presidente da Associação Norte-riograndense de Psiquiatria, atender pacientes que dizem ter ido às urgências dos hospitais procurar atendimento médico e ter recebido remédios para falta de ar e até mesmo para alterações cardíacas. ‘‘Isso é comum porque os sintomas são físicos, mas não consigo entender como alguns colegas médicos, depois de várias tentativas, nem cogitam que aquele paciente pode ser portador do transtorno’’, disse.

A síndrome não escolhe classe social e aparece subitamente em pessoas calmas, agitadas ou ansiosas. Ela explicou que, normalmente, isso ocorre na fase adulta, entre 25 e 40 anos de idade, e as mulheres são mais propensas a desenvolver o transtorno. ‘‘Ainda não existe nenhum estudo que tenha decifrado o porquê, mas comprovamos no consultório. O número de mulheres com o transtorno é bem maior que o de homens’’, declarou.

Tipos

De acordo com a psiquiatra existem três tipos de síndrome do pânico: espontânea, desencadeadora e com agorafobia. A espontânea é quando os sintomas aparecem subitamente no paciente; a desencadeadora é quando determinadas situações levam o paciente a desenvolver a síndrome. Como, por exemplo, quando uma pessoa tem claustrofobia que é o medo de lugares fechados. Já o transtorno do pânico com agorafobia é quando o paciente fica com tanto medo de ter novamente uma crise e fica sem tem condições de sair de casa.

O tratamento dura aproximadamente seis meses e normalmente é realizado com o uso de medicamentos antidepressivos, psicoterapia, além de técnicas de relaxamento, exercícios respiratórios e exposição aos medos. ‘‘O transtorno é curável. Em alguns casos o paciente recebe alta, mas não podemos garantir que esses medos não vão voltar’’, afirmou a psiquiatra.

O diagnóstico definitivo, segundo Myrna, só pode ser afirmado depois que o paciente enfrentar um mês com inúmeras crises. ‘‘Não podemos diagnosticar um paciente que tenha tido apenas uma crise durante 30 dias. Até mesmo a pessoa que apresenta sintomas físicos, tenha passado por vários especialistas e nada tenha sido detectado deve ter paciência, pois não podemos definir com pressa a Síndrome do Pânico’’, revelou a psiquiatra.

A vida moderna mudou muito nos últimos anos e tem sido um dos principais motivos para a alta incidência da síndrome desde a década de 80. ‘‘O mundo se modernizou bastante. A vida virou uma correria. No Brasil, por exemplo, há 50 anos apenas 30% da população vivia nas cidades grandes, 70% da população era rural. Agora está tudo inverso. Claro que tantas mudanças têm efeitos a médio e longo prazos’’, alertou.

O vice-presidente da Associação Norte-riograndense de Psiquiatria, Jair Farias, afirmou que nos Estados Unidos - onde as pesquisas são realizadas com mais frequência - houve uma aumento significativo de pacientes portadores da Síndrome do Pânico após o atentado de 11 de setembro de 2001. ‘‘As pessoas ficaram com medo de tudo e desenvolveram o transtorno. Agora essa número está diminuindo’’, disse.

Apesar das pesquisas não serem realizadas no Brasil com a mesma frequência dos Estados Unidos, o psiquiatra acredita que entre 2% e 3% dos brasileiros são portadores da síndrome e 30% tem transtorno de ansiedade. ‘‘Três entre dez pessoas têm transtorno de ansiedade leve, médio ou grave. Entretanto, isso não significa que essas pessoas irão desenvolver a Síndrome do Pânico’’, explicou.

Jair acrescentou que os portadores da síndrome sofrem muito até descobrir o verdadeiro diagnóstico. ‘‘É uma situação muito desagradável porque quando as crises aparecem a pessoa sente muitos sintomas físicos e procura um pronto-socorro acreditando que lá está a solução. Naquele instante a medicação receitada na urgência serve como um paliativo. O problema é que as crises começam a aparecer repetidas vezes, então é necessário procurar um especialista no assunto’’, declarou.

fonte,DN ONLINE

4ºDEPOIMENTO DE UMA PESSOA QUE SOFRE DE SINDROME DO PANICO

Bom, meu nome é V., tenho 22 anos e tenho Síndrome do Pânico a mais ou menos 4 anos. Minha primeira crise foi fazendo o q eu mais gostava de fazer: malhando! Comecei a ficar tonto, deu aquele calafrio, coração disparou, às pernas ficaram moles.....ate então não sabia o q era! Assustado, o dono me levou ao hospital e chegando la foi feito todos os exames q poderiam ser feitos, (como acontece com todo mundo) e nada! Fui p/ casa, não conseguia me mexer...fiquei em estado de choque! Bom, no dia seguinte, parecia q nada havia acontecido e era o dia q eu viajaria p/ carnaval! Viajei e nada aconteceu, até q no segundo dia a crise voltou....novamente fui parar no hospital...sempre os medicos perguntando: tomou alguma droga??...sempre era a primeira pergunta....aí me davam diazepam na veia e de nada adiantava pq eu não conseguia relaxar, e para completar ,carnaval todos meus amigos bêbados me largaram no hospital e esqueceram de me buscar. Estava eu em Espírito Santo no hospital sem telefone de ninguém da casa e morrendo de medo de andar e meu coração disparar e ter outro ataque cardíaco (é o q eu achava q estava acontecendo). Bom, 1 ano se passou e nenhum medico descobria o q eu tinha...em quanto eu fazia exames e todos não apresentam nada, mais doenças apareciam! (na minha cabeça) tive problema de coração, asma, hipertensão, diabetes e ate HIV eu já achei q tivesse. Depois de 1 ano...no ano novo em Cabo Frio, mais uma crise...no meio dos fogos, todo mundo olhando p/ cima, pensei: se eu passar mal aqui ninguém vai me ver, vão achar q é so emoção....não vai dar tempo de chegar ao hospital...PRONTO! mais uma crise...chegando no hospital o mesmo procedimento: usou drogas??.."não!!...então toma Diazepam! Até q uma ENFERMEIRA vendo meu estado me parou e disse: Você já foi a algum psiquiatra? como todos respondem: eu não..não sou maluco! Aí ela disse vai sim...vc esta com Síndrome do Pânico! Demorei mto p/ acreditar nisso...foram mais umas 4 crises ate eu ir! Chegando no consultório vi um folheto com algumas doenças...ate achar a SP!! Pronto!!Achei o q eu tinha! Resumindo....quero dizer a todos q sei como é ruim sentir isso, também sei o conforto q da vc ler um depoimento e ver q tem pessoas q sentem a mesma coisa...e q vc não tem doença nenhuma! Ultimamente minhas crises voltaram, e esta tão forte q quando vou ao medico minha pressão esta sempre alta! Aí já viu...to com hipertensão!(rs) Mas estando aqui nesse site e lendo os depoimentos, vi q tem mtas outras pessoas q tb tiveram esse sintoma....isso me tranqüilizou...me confortou!!Espero q esse depoimento ajude mtas pessoas q estejam no meio de uma crise como alguns aqui me ajudaram!
Nestes últimos anos, é que senti que, o medo de andar nas ruas de XX, que gostava tanto, a cervejinha e o café que eu não conseguia tomar mais, sozinho, tinham causas que eu não intui, senti, na época, (ou seja a partir de 1980). XX é terra da Psiquiatria-porrada, ou seja, procura-se despertar ainda mais, a "agressividade" do cliente, quando o contrário, "acalmá-lo, Encorajá-lo" seria o ideal. Meu ultimo Psiquiatra figurão de TV de capital, nunca foi com minha cara, como eu não fui com a dele. Resultado, 6 sessões mensais de pura luta de boxe verbal. com receitas de Cipramil, bom no inicio, e a continuação do Lorax. Poxa, gente, ficar sem dirigir, ter medo de viajar de ônibus sozinho, polemizar muito, tb. doem. Procuro uma mão amiga, já que não a tenho em casa.

Tomo Lorax há 27 anos. Controlado por mim. 3 mgs. por dia. Há pouco descobri que tinha, há mais de 30 anos, Síndrome do Pânico. Nenhum dos 300 Psiquiatras ou Psicólogos que consultei, durante todo este tempo, descobriu isto. Excelentes formações médicas. . . Há 4 meses com a morte de meu Psiquiatra de confiança em XX, Dr. XX, comecei a tratar com um figuraço da Psiquiatria local. 4 meses de Cipramil, além do Angipress 100 mg, que tomo para pressão alta. Excelente a princípio, muita excitação de 2 semanas para cá. o figuraço receitou-me Melleril 25 para acalmar. . . ao tempo que aumentava a consulta de 120 reais para 150, e vendia-me um livro de bobagens de sua autoria por 10. Vou trocar de medico, estou certo? Acho que estou. Gostaria de ouvir algumas sugestões. seriam muito valiosas para mim.

Li os casos que esse site mostra e notei que poucos casos de SP melhoraram realmente e a minha contribuição é dizer que eu como portadora da SP tenho a declarar que estou bem, o que me ajudou foi o . . . e algumas terapias que não faço mais, não posso negar que a ansiedade as vezes surge mais é preciso aprender que ela não sumirá de uma hora para outra, tenho 20 anos e faz um ano que tive a primeira crise o que me levou a todos os tipos de médicos até descobrir o que era, fica um trauma, um medo do medo de ter medo e lendo essas entrevistas penso no dia em que não precisarei me assustar com esse desequilíbrio e por incrível que parece eu tenho receio de lembrar ou ainda ter por longo período na vida que me impeça de levar meus sonhos adiante que são muitos pois me acho nova para ter medo de realizá-los, mas eu sei que a SP não veio só para trazer sofrimento, eu aprendi a dar valor aos pequenos momentos de felicidade e sei que eles vão estar presente e o medo que terei será real e não infundado.

Oi, bom dia e muito obrigado pelo seu e-mail. Você está certíssima, a maioria das pessoas que tiveram SP ficaram absolutamente boas muito rapidamente. Mas quem continua pesquisando e escrevendo para outras pessoas são justamente aquelas poucas que não ficaram boas daí talvez uma falsa impressão que ninguém fica bom.

Navegando na net num site de buscas encontrei esse site e adorei pois aqui voce tem certas informações de forma clara. Não é nada fácil ter Síndrome do Pânico, hoje tenho 24 anos, descobri que sofria de SP aos 15,sempre fui muito medrosa, não fazia coisas bobas de criança, como pular de bico em uma piscina por exemplo de medo; mas meu medo (eu acho que deve ser o pior) é da morte, antigamente se eu ouvisse na televisão que havia um surto de alguma doença, estava eu aqui sentindo todos os sintomas, começou assim e foi piorando. Perdi uma coleguinha de infância quando estava perto dos 15 anos, ela teve tumor na cabeça, pronto isso bastou para que dali em diante eu sentisse tudo, dor no braço, na cabeça etc e tal. Anos passaram e minha avó faleceu, teve um Infarto, dali em diante eu sentia que iria infartar também, fiz todos os exames possíveis e não tinha nada, mas no auge de minhas crises minha pressão subia, meu coração acelerava muito...eu tinha a sensação iminente de morte, nossa era horrível. Então iniciei uma terapia acompanhada de medicamento, durante dois anos mais ou menos, fiquei ótima. Mas hoje aos 24 anos, estou tendo crises de SP novamente, há poucos dias eu sentia dores fortes no peito, estava certa que tinha alguma de errado com meu coração, fiz todos exames novamente e não tenho nada, apenas ansiedade, aí fui em outro médico que comentou comigo, em uma conversa que uma pessoa havia falecido por causa de um AVC, pois desde então estou tendo crises de pontadas na cabeça que parece que vou morrer, não sei se é pq tenho enxaqueca e voltei fazer uso de anticoncepcional, hoje mesmo acordei as cinco da manhã com uma pontada horrível na cabeça. Bem aqui esta meu depoimento, ou melhor um desabafo mesmo. Muitas vezes deixo de VIVER por ter medo de morrer, isso é muito ruim.

Meu depoimento é grande por isso vou mandar por e-mail anexado. De uma coisa pode estar certo, Doutor, eu tenho síndrome do pânico e é muito ruim! Hoje aconteceu novamente quando vínhamos, eu esposa e minha filha da praia. Logo no início da viagem senti que entrar naquele carro não ia dar certo. Comecei a pensar que aquele espaço apertado não era bom. o sinto de segurança passando por mim, amarrado no banco. Fiquei ansioso. Mas... tínhamos que ir embora. Numa viagem de mais ou menos 1 hora e vinte. Era noite, por volta das 19 horas. Entrei no carro chamei o pessoal e fomos. Saindo da estrada vicinal entrei na estrada de rodagem em direção ao Recife. Até antes de entrar no carro pensava, como disse antes, nas conseqüências mas na estrada passou. Rodamos uns 10 minutos e num trecho já escuro meu pescoço enrijeceu, assim... do nada. uma sensação estranha me acometeu como um calafrio (velho conhecido) uma vontade de me safar do sinto de segurança - e isso a uns 80 por hora mais ou menos. comecei a suar, olhei para minha esposa que notou que não estava bem, pois abrira a janela do carro - coisa que raramente faço -, e uma sensação nauseante; um calor, pensei no sinto, estava apertado; e se acontecesse algo como sairia dali minhas vistas queria escurecer, o pânico aumentou. pensei em parar no acostamento e dar o carro para minha esposa e deitar no banco de trás, mas não o fiz. Pensava em Recife que o próximo hospital estava longe e se eu desmaiasse. Senti uma cãibras na perna esquerdo fiquei apavorado, tive a sensação de não sentir a perna, mexi os dedos mas eles estavam lá e fiquei aliviado... olha... horrível. depois de algum tempo foi passando pois avistara umas luzes à frente e era sinal de socorro (tudo isso estava apenas na minha mente), socorro, morrer, desmaio como? Finalmente aos trancos chegamos em Recife e como por encanto as sensações passaram. Essa foi a de hoje. Relatei para minha esposa somente quando chegamos pois tinha medo de dizer no auge da viagem. E isso Doutor, nunca procurei ninguém para contar essas "coisas" acho que tenho medo de dizer e não ser compreendido a começar pelo trabalho. Sou militar da Aeronáutica e não todos que acham esses sintomas parte de um problema, talvez o chamem de "frescura para se esquivar de situação". Muito obrigado e se tiver um tempinho leia meu anexo.

Jamais esquecerei do dia 22/03/2002 Eu descobri que tinha síndrome do pânico ha 3 anos, quando meu mundo já tinha desmoronado e eu já tinha perdido tudo....eu estava na Universidade quando comecei a ter a crise e com ela todos os medos e angustias...fiquei hospitalizada por 15 dias....ao sair de lá fiquei mais 2 meses sem sair de casa....comecei minha psicoterapia e psicofarmacoterapia e com estes toda minha progressão, agradeço a Deus pela força, hj 3 anos depois sou formada,tenho opinião própria e ainda luto para um dia ser livre de remédios...mas eu nunca desisti e jamais deixei q ninguém me derrubasse e tb luto para ajudar a todas as pessoas a passarem por esta etapa com força.....eu acredito em vc!

Tenho 33 anos e vivo uma relação estável com um homem 14 anos mais velho. Sempre fui muito bem resolvida e independente em tudo e nunca achei que algum dia tivesse algum problema emocional principalmente SP. No começo era apenas ansiedade. Sentia que eram quedas de pressão e uns descompassos no coração, mas não me preocupava com isso. Em outubro de 2004 tive uma crise após tomar um medicamento para dor de cabeça. Senti uma sensação horrível de desconforto e taquicardia ao mesmo tempo, meus braços adormeceram e fiquei desesperada no meio da rua. Pedi ajuda à uma mulher, que me levou ao Pronto Socorro. Passei algumas horas no ambulatório com muita sonolência, após ser medicada com Dipirona. Até aí, não tinha a menor idéia de que era SP. Há cerca de um mês tive outra crise, após tomar um comprimido de Anador, pois estava com cólica menstrual. De repente, eu estava totalmente distraída em uma loja, fazendo um pagamento para a empresa que trabalho e comecei a sentir algo gelado subindo pela coluna e pressionando a nuca e a cabeça. Fiquei branca e com as mãos geladas. Fui até uma farmácia, medi a pressão e estava 14x8. Fiquei desesperada e fui socorrida novamente. Dessa vez foi muito pior, pois achava mesmo que estava tendo um infarto e que não daria tempo de ser socorrida, minha boca secou, entrei no hospital correndo, descalça e gritando por ajuda. Imaginando a cena depois, fiquei com muita vergonha, o que me levou a achar que, realmente, eu tinha problemas e deveria procurar ajuda. Hoje estou tomando anti-depressivos (Cebrilin e Amytril), ansiolítico (Equilid) e um beta-bloqueador (Sotacor). Mesmo tomando os medicamentos, ainda tive mais uma crise de ter que ser levada ao hospital. Ainda tenho os sintomas quando insisto em pensamentos desagradáveis, como, por exemplo, a morte ou uma catástrofe. Fico muito tensa e tenho dores latejantes na nuca. Fiz todos os exames desde Holter 24h até tomografia da cabeça e está tudo normal. Vou começar a fazer psicoterapia ainda este mês e espero ficar boa logo.

FONTE,MENTAL HELP

3ºTRATAMENTO E MEDICAÇÃO DA SINDROME DO PANICO

O TRATAMENTO

Objetivos Principais
Há algumas diretrizes importantes para o tratamento da Síndrome do Pânico:

1 - Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises.

Os sintomas do pânico são intoleráveis enquanto não compreendidos. A reação de pânico decorre do estranhamento em relação a uma intensa reação emocional. Compreender esta reação emocional é fundamental para a sua aceitação e para a sua superação. Nesta etapa vamos aprender o que é a ansiedade, o que ocorre numa crise de pânico, o papel do curto-circuito emoção-corpo-pensamento na manutenção do pânico, os processos de auto-regulação, de regulação pelo vínculo, etc.

A compreensão do Transtorno Pânico e dos Princípios do Tratamento favorece uma atitude construtiva e participativa, assim como o estabelecimento de uma aliança terapêutica para se desenvolver um bom trabalho.

2 - Auto-gerenciamento: desen volvendo a capacidade de auto-regulação.

A pessoa com pânico precisa desenvolver sua capacidade de auto-regulação, aprendendo a influenciar seu estado emocional, regulando o nível de ansiedade, diminuindo assim o sentimento de vulnerabilidade e a incidência de novas crises.

Este processo é possível pelo aprendizado de técnicas de auto-gerenciamento. Utilizamos um amplo repertório de técnicas de auto-gerenciamento que incluem trabalhos respiratórios, técnicas de direcionamento da atenção, fortalecimento da capacidade de concentração, técnicas visuais variadas (convergência binocular focal, percepção de campo etc), reorganização da forma somática através do Método dos Cinco Passos, técnicas de relaxamento etc.


Estas técnicas de auto-gerenciamento ensinam à pessoa como influir sobre os seus estados internos, desenvolvendo a capacidade de auto-regulação.
Através do manejo voluntário dos padrões somático-emocionais que mantém o estado de pânico pré-organizado - a arquitetura da ansiedade - podemos reorganizar e transformar estes padrões que mantém o gatilho do pânico armado, pronto para disparar novas crises.

Estas técnicas têm uma forte eficácia ao influenciar, por ação reversa, os centros cerebrais que desencadeiam as respostas de pânico, diminuindo o nível de ansiedade e a intensidade das crises.

3 - Modificar a relação com as sensações do próprio corpo.

A pessoa com pânico tende a interpretar as reações de seu corpo, que fazem parte do estado ansioso, como se fossem sinais catastróficos, indicadores de um possível desmaio, um ataque cardíaco iminente, um sinal de perda de controle, etc. É necessário enfraquecer esta associação automática onde a presença de algumas sensações corporais disparam uma reação automática de ansiedade, a se inicia o processo que leva ao pânico.

Para ajudar no enfraquecimento desta associação corpo-perigo, utilizamos dois caminhos básicos.

(1) Técnicas de desensibilização, onde utilizamos exercícios de exposição gradual às sensações corporais temidas, processo denominado "exposição interoceptiva".

(2) Técnicas de auto-observação, com atenção dirigida e criação de um diálogo com as várias partes do corpo, ouvindo suas mensagens emocionais não ouvidas.

Estes recursos ajudam na familiarização com as sensações do corpo, permitindo à pessoa ensinar ao seu cérebro que as sensações corporais não são perigosas, assim como a ansiedade é apenas uma emoção que expressa uma expectativa de um perigo, mas não é um perigo em si.

4 - Desenvolver um "eu observador", permitindo diferenciar-se dos pensamentos ansiosos.

Sob estado de ansiedade a pessoa é inundada de distorções cognitivas, com pensamentos que se projetam no futuro esperando pelo pior e interpretando as sensações em seu corpo como sinais de perigo iminente.

É importante trabalhar no desenvolvimento da capacidade de auto-observação identificando e diferenciando-se dos pensamentos catastróficos que derivam da ansiedade e contribuem para se criar mais ansiedade.

Neste processo a pessoa aprende a observar e reconhecer seus padrões de pensamentos e suas expectativas catastróficas sem ser dominada por eles. Aprende a ancorar o ego no “eu que observa” e não no tumultuoso “eu que pensa”.

É importante também desenvolver a capacidade focalizar a atenção como estratégia para se diminuir a ansiedade. Quando a pessoa consegue criar presença e focar sua atenção, a ansiedade diminui significativamente. Para atingir estes objetivos, utilizamos várias técnicas de auto-observação e fortalecimento da capacidade de direcionamento da atenção.
5 - Desenvolver a capacidade de regulação emocional através dos vínculos.

Além da capacidade de auto-regulação é importante fortalecer a capacidade de se regular pelos vínculos, o que envolve desenvolver a capacidade de estabelecer e sustentar conexões profundas e vínculos de confiança. Este processo vai permitir que a pessoa supere o desamparo que a mantém vulnerável às crises de Pânico.

Neste processo revemos a história de vida de relacionamentos, incluindo os traumas emocionais que possam ter comprometido a confiança e a potência vincular. Buscamos ajudar na reorganização dos padrões vinculares em direção a relações mais estáveis que possam permitir criar uma rede de vínculos e conexões mais previsíveis, essenciais para a proteção das crises de Pânico.

6 - Elaborar outros processos psicológicos atuantes

É importante mapear os fatores que estavam presentes quando a Síndrome do Pânico começou e que podem ter contribuído para a eclosão das crises.

Neste contexto podem estar presentes ambientes e eventos estressantes, assim como crises existenciais, crises em relacionamentos, crises profissionais e transições, como mudanças de fases da vida, por exemplo. A desestabilização emocional trazida por estes eventos poderia produzir estados internos de fragilidade e vulnerabilidade, responsáveis pela eclosão das primeiras crises de pânico.

Num nível mais profundo buscamos investigar e trabalhar as memórias de experiências de vulnerabilidade e traumas que poderiam estar se reeditando nas experiências atuais de pânico. Do mesmo modo é importante rever os padrões de relacionamento com mãe/pai na infância, pois padrões ansiosos e ambivalentes de vínculo podem ter uma forte influência sobre o aparecimento de transtornos de ansiedade na vida adulta.

Os melhores resultados são obtidos por um tratamento que contemple todos estes objetivos: a compreensão do processo do pânico, o desenvolvimento da capacidade de auto-regulação, a modificação da relação da pessoa com o próprio corpo, a criação de presença, o desenvolvimento da capacidade de regulação pelo vínculo e a elaboração dos processos psicológicos que levaram ao Pânico.

Uma combinação destes objetivos é a melhor solução para um tratamento eficaz da Síndrome do Pânico.



Sobre a Medicação
Os remédios podem ser recursos auxiliares importantes para o controle das crises de pânico, trabalhando conjuntamente com a psicoterapia para ajudar na superação da Síndrome do Pânico.

Porém, há algumas ponderações sobre a sua utilização . Primeiro, é necessário ter claro que os remédios não ensinam. Eles não ensinam à pessoa como ela própria pode influenciar seus estados internos e assim a superar o sentimento de impotência que o pânico traz. Não ensinam a pessoa a compreender os sentimentos e experiências que desencadeiam as crises de pânico. E não ajudam a pessoa a perder o medo das reações de seu corpo e a ganhar uma compreensão mais profunda de seus sentimentos. Os remédios - quando utilizados - devem ser vistos como auxiliares do tratamento psicológico.

Algumas pessoas optam por um tratamento conjugado de medicação e psicoterapia enquanto outras optam por tratar o pânico somente com uma psicoterapia especializada. Na psicoterapia especializada utilizamos técnicas de auto-gerenciamento – para manejar os níveis de ansiedade e controlar as crises – e ao mesmo tempo trabalhamos as questões psicológicas envolvidas. A opção mais precária seria tratar o pânico somente com medicação, visto que o índice de recaídas é maior quando há somente tratamento medicamentoso do que quando há também um tratamento psicológico. Os remédios mal administrados podem acabar mascarando por anos o sofrimento ao invés de ajudar a pessoa a superá-lo.

Atualmente é possível tratar a pessoa com Síndrome de Pânico sem a utilização de medicação e temos obtido bons resultados tanto com pessoas que estão paralelamente tomando medicação como com aquelas que preferem não tomar remédios.

Melhora: Um Horizonte Possível
Para uma pessoa ficar boa do Pânico não basta controlar as crises, é necessário integrar as sensações e sentimentos que estavam disparando as crises e assim superar o estado interno de desamparo.

A melhora advém quando a pessoa torna-se capaz de sentir-se identificada com seu corpo, capaz de influenciar seus estados internos, sentindo-se conectada com os outros à sua volta, podendo lidar com os sentimentos internos, se reconectando com os fatores internos que a precipitaram no Pânico e podendo lidar com eles de um modo mais satisfatório.

Superar a experiência da Síndrome do Pânico pode ser uma grande oportunidade de crescimento pessoal, de uma retomada vital e contemporânea do processo psicológico de vida de cada um.

FONTE,Artur Scarpato : Psicólogo Clínico (PUC SP). Trabalha em consultório particular com psicoterapia de adolescentes e adultos. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC SP. Especialização em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da FM- USP e em Cinesiologia Psicológica pelo Instituto Sedes Sapientiae. Desenvolve há 14 anos um tratamento para Síndrome do Pânico. É autor de diversos artigos na área.

2ºDEFINIÇOES E SINTOMAS DA SINDROME DO PANICO

O estranho que me habita: a Síndrome do Pânico numa perspectiva formativa*

Artigo publicado na Revista Reichiana do
Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo, número 10, 2001, p. 50-66.

Artur Thiago Scarpato**

Na década de 1960, várias pesquisas científicas começaram a diferenciar inesperados ataques de ansiedade de outras manifestações de ansiedade. A classificação diagnóstica oficial de Síndrome do Pânico ocorreu em 1980, com a publicação, pela Associação Americana de Psiquiatria, do DSM III (Diagnostic and Statistical of Mental Disorders, 3rd Edition). Em 1987, o DSM III – R, versão revisada do manual, delimitou os critérios válidos até hoje.

Segundo a classificação do DSM, a Síndrome do Pânico pertence à classe dos Transtornos de Ansiedade, junto com as Fobias, o Estresse Pós-Traumático, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e o Distúrbio de Ansiedade Generalizada.

Apesar da classificação razoavelmente recente, encontramos na história descrições semelhantes à do Pânico, embora não existisse ainda a categoria diagnóstica Síndrome do Pânico. A reação de pânico pode não ser nova, mas é nova a sua classificação científica como Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico, assim como há atualmente tentativas sistemáticas de compreensão do fenômeno.

DEFINIÇÃO E SINTOMAS

A Síndrome do Pânico caracteriza-se pela ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes.

Os ataques de pânico, ou crises, consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos. Os mais comuns são taquicardia, sensação de falta de ar, dificuldade de respirar, formigamentos, vertigem, tontura, dor ou desconforto no peito, despersonalização, sensação de irrealidade, medo de perder o controle, medo de enlouquecer, sudorese, tremores, medo de desmaiar, sensação de iminência da morte, náusea ou desconforto abdominal, calafrios ou ondas de calor, boca seca e perda do foco visual.

Nem todos esses sintomas podem estar presentes nas crises, mas alguns sempre estarão. Há crises mais completas e outras menores, com poucas manifestações. Os sintomas começam de súbito e se acentuam rapidamente, muitas vezes acompanhados por uma sensação de catástrofe ou de morte iminente e por uma ânsia de escapar da situação. A freqüência dos ataques varia de pessoa para pessoa.

Enquanto, nas Fobias, a pessoa teme uma situação ou um objeto específico, fora dela, no Pânico, ela teme o que ocorre no próprio corpo. Podemos considerar os casos de Pânico como fobias nas quais o que assusta são as reações do próprio corpo; é para essas reações que se volta a atenção, como deflagradoras das crises de Pânico.

O Pânico é um Transtorno de Ansiedade; isso significa que os sintomas têm como carro-chefe a ansiedade - um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça, um medo sem objeto definido.

A crise de Pânico é uma experiência de pico máximo de ansiedade levada ao extremo. O pânico é o ultimo grau do continuum crescente atenção-ansiedade-pânico.

Ansiedade antecipatória

A expectativa constante de ter uma nova crise é uma das características da Síndrome do Pânico. Com essa ansiedade antecipatória, as pessoas passam a evitar certas situações e acabam restringindo suas vidas.

Podem ocorrer reações fóbicas secundárias, que geralmente estão relacionadas às situações nas quais a pessoa teve as primeiras crises (no elevador, dirigindo, passando por um determinado lugar etc.). A partir daí, a pessoa passa a associar essas situações às crises. Com o tempo, os sintomas do Pânico tendem a ocorrer também em outras situações, mas é muito comum continuar a temer situações específicas, que funcionariam como catalisadores de novas crises. Há uma classificação diagnóstica de Síndrome do Pânico com e sem agorafobia.

Muitas vezes, a pessoa com Síndrome do Pânico não se sente presente nas situações e não consegue responder a elas adequadamente. Em vez de se compor com o que está à volta, ela pode se sentir ansiosa na maior parte do tempo. A ansiedade pode dominar a cena num sentimento flutuante de ameaça interna, de perigo que vem de dentro e que deixa a pessoa se sentindo um tanto distante da situação presente, limitando sua capacidade, por exemplo, de sentir raiva pelo que a desagrada, tristeza pelo que não obtém, de se sentir desafiada pelo novo etc. Muitas pessoas com Pânico relatam que se sentem um pouco "de fora" das situações.

Quando a pessoa consegue se compor com o que vive, estando mais presente nas situações, tende a ir saindo desse estado constante de ansiedade. Como veremos, aprender como estar mais presente e poder lidar com as afetações dos encontros é ativar o processo de manejar a ansiedade, ponto básico no processo de superação das crises de pânico.

PÂNICO E ESTRESSE

O conceito de estresse, criado pelo cientista canadense Hans Selye, modificou profundamente a visão de saúde e doença em vários setores da Medicina. Sua força esclarecedora ainda está para ser assimilada por novas teorias na saúde mental. Stanley Keleman, em sua abordagem formativa, recorre constantemente à noção de estresse para pensar os seus efeitos sobre o processo formativo como, por exemplo, a interferência das experiências excessivas na capacidade de criação contínua de formas somáticas no processo de vida.

O que é estresse?

Estresse é uma reação básica que todo ser vivo apresenta frente a diversos tipos de afetações, boas ou ruins.

Quando encontramos alguém, recebemos uma notícia importante, brigamos, enfrentamos um trânsito lento, algo ocorre em nosso corpo, nosso estado interno muda, estamos afetados e temos uma resposta do organismo para dar conta desse estado de afetação.

A resposta biológica e comportamental para lidar com esse desequilíbrio interno produzido sobre o nosso estado anterior é o que denominamos estresse.

A reação do estresse permite ao organismo agrupar forças e recursos internos para lidar com a situação de estar sob efeito de um encontro desestabilizador. Frente a uma situação na qual uma determinada forma somática não dá conta, a reação de estresse participa na mobilização e na preparação de novas formas, novas respostas. O desconforto do estresse chama a mudança.

O estresse é uma reação à afetação sobre uma ordem estabelecida, um chamado para se compor com aquilo ou, no limite, diminuir os efeitos da afetação.

Há um aumento de atividade no organismo para lidar com o fato de estar afetado.

O problema é quando o nível dessa resposta é excessivo e permanente, não se desfazendo após a situação, deixando a pessoa paralisada num certo ponto de sua resposta de estresse.

Quando a carga de estresse é excessiva, além do que uma pessoa é capaz de suportar, pode se iniciar um processo que desencadeia várias reações emocionais e sintomas próprios; os estados de ansiedade e pânico fazem parte desse processo.

Territórios existenciais

A situação estressante pode ser, por exemplo, uma crise conjugal, um medo de estar doente ou até mesmo uma viagem ou uma promoção no emprego – algo aparentemente bom, mas que exige adaptações e mudanças internas.

A situação torna-se excessiva, muito estressante, quando exige da pessoa mais do que ela está conseguindo agenciar dos seus recursos pessoais, quando internamente ela não está dando conta da situação.

É sempre com as afetações dos encontros que temos que lidar: encontro com as coisas, com as pessoas, com os próprios sentimentos, encontros do "eu" – aquilo com que o "eu" se identifica – com o "não eu" – aquilo que está fora dos limites de um território existencial.

O "não eu" pode estar dentro de meu corpo, como um sentimento que eu não entendo e não aceito ter, um pensamento que eu rejeito, uma fantasia "perigosa", uma sensação que eu temo, enfim todas essas partículas de experiência subjetiva que não fazem parte do território no qual o "eu" se reconhece.

Os territórios existenciais são campos compostos por um conjunto de formas somáticas, por alguns modos característicos de vinculação, por visões de mundo, modos de sentir, perceber, pensar, agir, por valores, preferências etc. São configurações de mundos, tantos quantos se possa imaginar.

A questão é como algo nos afeta e como podemos dar conta de um certo desmanchamento de nossos territórios existenciais que os encontros e afetações provocam; como se compor com os acontecimentos a partir das mudanças necessárias no processo da vida ou como ativar modos de limitar os efeitos desorganizadores do excessivo.

O continuum do susto

No plano comportamental, a resposta de estresse envolve a ativação de certas emoções e atitudes para dar conta desses encontros que nos desequilibram.

Quando vivemos uma situação que mexe muito conosco e nos desestabiliza, é ativada uma reação automática chamada reação de luta ou fuga. Essa reação faz parte da resposta biológica do estresse e nos prepara para respondermos à situação nova.

Há um continuum de formas somático-emocionais nessa resposta frente a qualquer situação desestabilizadora, que Keleman denomina continuum do susto.

O continuum do susto é a reação automática ativada quando uma experiência ultrapassa o limite de uma forma somática, o limite de um território existencial, chamando novas respostas para lidar com a situação.

Para desencadear o continuum do susto, é necessário um potencial de estranhamento, uma capacidade de tirar o organismo de sua estabilidade. O continuum do susto é a reação frente à falta de forma para lidar com uma situação.

Nós somos desestabilizados muitas vezes nos encontros, e nossa capacidade de nos compormos ou não nesses encontros determina a experiência do assimilável ou do traumático.

O ser suportável ou excessivo depende de quanto um organismo suporta de estranhamento em si, potencializando-se em movimentos de diferenciação e complexificação de formas e estratégias de vida ou paralisando-se em tentativas de reduzir os efeitos de desorganização, de perda de limites e referências.

O continuum do susto é uma seqüência de formas emergenciais no processo de lidar com o novo.

Num primeiro momento, há um aumento de atenção para o que está ocorrendo; há uma reação de alarme inicial, em que o organismo endurece um pouco, suspende a respiração, ativa os receptores (olhar, ouvir, cheirar e sentir) e dirige a atenção.

Caso a intensidade dessa mobilização seja suficiente para dar conta do que ocorre, com um reconhecimento adequado da situação e de seus efeitos, a reação de alerta se desfaz, e se organiza um modo de se compor com a situação e os afetos.

No entanto, caso a experiência do estranhamento seja mais intensa, isto é, aquela afetação ameace algo em mim, posso me perceber organizado para defender o meu território, limitar a entrada do outro, criar um certo isolamento.

Avançando ainda mais no continuum da ameaça do estranho, posso agredir e atacar, buscando destruir o outro como modo de proteger o meu mundo. Há um aumento de minha força contra a ameaça do outro, um aumento da potência de um território contra o estrangeiro.

São graus de estranhamento – inicialmente, com mais atenção; em seguida, com criação de barreira e isolamento; depois, até com tentativas de agressão.

Com o avanço da presença do outro em mim – ameaça pelo aumento de potência do estrangeiro –, posso começar a entrar em estado de medo, no qual enfrentar a situação já não é uma solução eficaz; me sinto ameaçado demais e começo a querer fugir da situação. Não dá para me compor com o outro, com a afetação, com aquilo que não é assimilável; preciso evitar para me salvar.

Nesse momento, podem surgir experiências de ansiedade, confusão, pânico etc. Os estados de ansiedade e confusão interna marcam o conflito entre ficar para enfrentar a situação e fugir; expressam a coexistência de duas respostas simultâneas e contraditórias no comportamento - enfrentamento e fuga.

A intensificação do efeito de estranhamento do outro sobre mim me agride, me desorganiza, ameaça minha identidade, preciso recuar, para trás e para dentro de mim mesmo.

E, finalmente, não posso dar conta, não posso mudar a situação, nada me resta a não ser a entrega, a derrota, o colapso. Caio em apatia, tristeza e depressão. A afetação foi demais para mim, me agrediu demais e nada posso fazer para mudar.

Esquematicamente, o continuum do susto ficaria assim:

(1) Inicialmente, respondemos com mais atenção, cuidado;

(2) em seguida, se o grau de afetação for mais intenso e nos ameaçar, reagimos com isolamento, depois com enfrentamento e raiva.

(3) Caso a situação nos ameace ainda mais intensamente, começamos a nos sentir incapazes de dar conta do que ocorre e passamos a sentir medo, ansiedade, e

(4) podemos então caminhar para o pânico, grau extremo de uma situação excessiva, insuportável.

(5) Daí em diante, se a situação persistir, tendemos a recuar e começam a surgir as respostas de tristeza, abatimento, desânimo,

(6) colapso e depressão.

Nesse processo, há duas direções básicas de respostas: uma para reações de enfrentamento e luta (avançar), com aumento da organização das formas somáticas, e outra, quando a experiência é muito excessiva, para trás, para dentro, com respostas de fuga (recuar), com perda de organização das formas somáticas.

Quando não podemos avançar nem recuar, não conseguindo nos compor com a situação, ficamos no estado de ansiedade e pânico.

A ansiedade é a expressão de uma excitação interna com a qual o organismo não consegue encontrar um modo de se compor, uma forma para dar conta da excitação. Como dissemos antes, a experiência do pânico é o ápice do continuum crescente atenção-ansiedade-pânico.

Sempre temos que lidar com os efeitos e as reverberações dos acontecimentos em nós mesmos. Os limites e os modos de lidar são sempre pessoais, singulares a cada pessoa.

A experiência emocional de pânico

A experiência emocional de pânico é uma experiência normal, que muitos podem sentir numa situação muito intensa como, por exemplo, dentro de um edifício em chamas.

Nessa situação, o perigo é evidente e a reação de pânico mostra que se passou do limite de dar conta do que se está vivendo. Quando a pessoa está em pânico, já se encontra muito inundada pelo que está acontecendo, podendo, por exemplo, ficar num forte estado de confusão e se atrapalhar muito ao tentar sair do edifício, ficar paralisada e não conseguir fazer nada ou não suportar a situação e pular pela janela.

A pessoa atingiu um ponto no seu continuum do susto no qual o que a afeta é excessivo, ela não consegue organizar seus recursos internos.

A reação de pânico que ocorre nos estados de Síndrome do Pânico é basicamente a mesma, só que a pessoa está reagindo a um perigo que vem de dentro dela.

Mas pânico frente a quê, a que perigo?

Essa é a questão mais importante a ser respondida para toda pessoa que apresenta Síndrome do Pânico, pois aponta para as causas que a levaram ao estado de Pânico. A resposta a essa pergunta é sempre singular, cada um tem os seus motivos, mas todos têm um motivo.

O estranho que me habita

O pânico é uma reação frente a uma experiência excessiva da qual a pessoa não está conseguindo dar conta. Na Síndrome do Pânico, o que produz o excessivo está dentro da pessoa; um estado interno indica haver coisas em sua personalidade que estão vivendo como estrangeiras dentro dela. Quando essas coisas começam a vir à tona, produzem as reações do continuum do susto no grau do Pânico.

Enquanto no edifício em chamas o perigo é visível, no Pânico o perigo é invisível.

Esse estranho não tem nome, é um desconhecido que habita e domina a vida da pessoa. São sentimentos, sensações, micropartículas de experiência que estão marginalizadas de um território existencial dominante.

A pessoa se descobre ativada em suas respostas-padrão de luta ou de fuga frente a algo desconhecido, ao estranho dentro de si. Por isso a reação parece tão sem sentido; o visível é apenas a taquicardia, a falta de ar etc.

Há algo pedindo passagem que não encontra lugar ao sol, que fica rejeitado, cindido da percepção consciente e que, quando emerge, produz uma intensa reação de estranhamento e desencadeia o reflexo do susto. Há uma reação de susto frente a uma excitação interna que não encontra modo de expressão, uma excitação sem forma.

DESCONEXÃO: A SINGULARIDADE DO PÂNICO

O pânico é uma resposta de alta excitação numa situação limite em que não há possibilidade de se compor com o que afeta e, ao mesmo tempo, em que não há recurso viável de fuga; não dá para lutar e não dá para fugir daquilo que está dentro da pessoa e que ela não reconhece.

Só é possível cindir partes da experiência, dividir-se a si mesmo em compartimentos, perceber e se identificar apenas com algumas partes e deixar outras ignoradas.

No Pânico, a reação ativada é a de desconectar a experiência somática, ver o problema objetificado no corpo e pensar: "estou tendo um ataque cardíaco", "vou morrer" etc. É interessante notar que, geralmente, as pessoas com Pânico vivem como se o seu corpo fosse uma ameaça constante. A percepção se volta para as manifestações orgânicas, que parecem caóticas, levando a uma experiência de intensa ansiedade, com medo de morrer, de ter um ataque cardíaco etc. Há uma falência de sentido para o que está acontecendo.

A pessoa percebe a sua reação de susto frente a algo, mas não percebe esse algo, que está desconectado, separado da percepção, produzindo a resposta emocional de pânico.

Nas Fobias, eu fico ansioso frente a objetos e situações; no Transtorno Obsessivo-Compulsivo, eu reajo aos pensamentos e às compulsões; no Pânico, eu me desespero por aquilo que está agindo em meu corpo, produzindo aquelas reações.

Assim, nos aproximamos da singularidade do processo que leva ao Pânico: a desconexão entre a experiência somática e a experiência cognitiva.

A percepção das emoções

Segundo Nina Bull, em toda emoção (tristeza, raiva, alegria etc.) há pelo menos três componentes:

– um componente fisiológico, como as alterações respiratórias, cardíacas, vasculares, digestivas etc.;

– um componente postural, muscular, que organiza um esboço de ação; na raiva, por exemplo, uma preparação para brigar;

– um componente cognitivo, que pode reconhecer a reação interna e o estímulo/situação que desencadeou a emoção.

A integração desses três componentes (visceral, postural e cognitivo) possibilita a discriminação consciente do que uma pessoa está sentindo e uma atitude orientada frente ao mundo. A percepção combinada das reações orgânicas, das alterações posturais e da situação vivida constitui o que podemos chamar de emoção.

Assim, se uma pessoa se percebe com determinadas tensões musculares, o coração batendo forte, a respiração acelerada e encontra uma situação da sua vida relacionada a essa reação, pode discriminar que está sentindo raiva e até saber o motivo.

Algumas vezes, a pessoa pode não saber o motivo, mas tem suficiente discriminação para perceber, pela sua organização somática, o tipo de emoção que está se organizando. Por exemplo, se uma atitude postural está organizando uma tendência motora de bater, xingar etc., pode-se identificar a emoção de raiva. Há uma percepção de direção e intenção nas reações do corpo, há um senso de orientação interno.

Esse senso faz com que haja uma integração entre o sentido da experiência e as reações do corpo.

Quando não há essa integração, a atenção recai sobre as "reações estranhas" que estão ocorrendo no corpo.

Esse é o processo que ocorre nas pessoas com Pânico: há uma certa desconexão entre as reações somáticas e o sentido mental da experiência.

As pessoas que têm pânico freqüentemente se "desligam", "ausentam-se" da situação presente pouco antes de as crises começarem. Isso permite pensar que, frente ao estranho que se anuncia dentro de si, inicia-se um processo de desconexão, que faz com que a pessoa se afaste do corpo e, logo depois, perceba as sensações como estranhas e ameaçadoras, respondendo com ansiedade e pânico. A pessoa se desconecta de seu corpo e aí a crise se instaura, com um grande susto em relação ao que nele ocorre.

As manifestações orgânicas "separam-se" da dimensão cognitiva, tornando-se sem sentido, estranhas à consciência. A ansiedade decorre desse estado: é uma reação frente a algo interno desconhecido; a pessoa se assusta com o que sente em seu corpo. A partir daí, desencadeia-se um movimento crescente de ansiedade que caracteriza as crises de Pânico.

Assim, a característica mais específica da Síndrome do Pânico é essa desconexão entre a dimensão somática e a dimensão cognitiva, que explica como uma pessoa pode chegar a viver um enorme "estranhamento" em relação ao próprio corpo, em relação às sensações vividas dentro da pele.

As estratégias para lidar com o excessivo

As afetações dos encontros são desafios às formas dominantes; são oportunidades para o organismo ampliar suas estratégias de vida ao lidar com elementos novos e se compor com isso. No entanto, todo desafio tem potencial de ser vivido como agressão. A agressão significa que a experiência produziu abalos intensos na forma e no funcionamento de uma pessoa e entra no campo do não-assimilável, do traumático.

Tomado pelo excessivo da afetação, é possível, no entanto, minimizar os seus efeitos. Os recursos incluem transformações nos tecidos do corpo, como adensamento, enrijecimento, inchaço e colapso – alterações emergenciais das formas somáticas para limitar o efeito devastador da excitação excessiva, da ansiedade e do estresse.

A desconexão percepção-soma é um modo de proteção frente ao excessivo, um dos momentos do continuum do susto. Quando não há como enfrentar nem fugir, um dos recursos é distorcer a autopercepção, uma tentativa limite de evitar a avalanche do inassimilável.

Por exemplo, frente ao excessivo, certa pessoa infla e, assim, dilui a excitação, sentindo menos; outra adensa e contém a reação dos afetos; outra, ainda, desconecta a experiência somática da experiência cognitiva, tentando se desligar dos efeitos do encontro em seu corpo.

Todas essas respostas expressam modos distintos de responder ao estresse excessivo. São modos de lidar com os acontecimentos, modos que permitem regular as intensidades possíveis ou intoleráveis, o que é suportável e o que é insuportável.

Frente a uma experiência de estresse muito intensa, algumas respostas podem ficar cristalizadas e perdurar como padrões organizados somaticamente, denominados por Keleman padrões de distresse. Um padrão de distresse é um conjunto de respostas solidificadas e cristalizadas que passam a limitar a amplitude de comportamentos de um organismo frente aos encontros; são padrões de resposta somática frente ao estresse excessivo que não se desfazem sozinhos. As pessoas com Pânico, por exemplo, ativam facilmente o padrão de desconexão cognição-soma frente ao excessivo.

O que predispõe ao Pânico

Há diversos modos de resposta ao excessivo que levam aos chamados estados psicopatológicos: recuar e deprimir, inflar em mania, desconectar e entrar em pânico etc.

Essas respostas singulares dependem da história de agressões vividas pela pessoa, do seu modo de lidar com as experiências excessivas, do seu repertório de formas somáticas, das suas heranças constitucionais etc.

Algumas pessoas têm maior facilidade de desconectar a experiência cognitiva da experiência somática, fenômeno que ocorre no processo que leva ao Pânico. O surgimento dessa desconexão está relacionado às experiências emocionais muito intensas, tanto presentes quanto passadas.

Parece haver, no entanto, uma tendência à desconexão em pessoas que tiveram experiências traumáticas muito precoces, nos primeiros meses de vida, quando o mecanismo de desconexão era um dos poucos recursos de proteção disponíveis frente às experiências excessivas. Essas pessoas parecem ter mais chances de desenvolver Pânico em algum momento da vida, pois mantêm organizado um padrão de desconexão ao longo dos anos.

A falta de confiança no corpo

Na crise de Pânico, a pessoa vive um profundo estranhamento em relação às suas sensações corporais; seu corpo é vivido como uma fonte de ameaça. Essa é uma das características centrais do pânico: os perigos vêm de dentro, vêm do próprio corpo. Nessa experiência de perigo interno, a pessoa reage com ansiedade e pânico, o que leva aos vários sintomas físicos, emocionais e cognitivos característicos.

Há um modo singular pelo qual tais pessoas lidam com as sensações corporais. Cada sensação diferente ou mais intensa do corpo pode ser percebida como um sinal de início de uma nova crise, um sinal de que "aquilo está vindo de novo". Isso leva a um patrulhamento constante de que algo possa sair do controle. As pessoas com pânico fazem constantemente interpretações equivocadas e catastróficas de suas sensações corporais.

A pessoa geralmente tem o ataque de pânico desencadeado por uma sensação do corpo que a assusta: uma alteração no batimento cardíaco, uma sensação de perda de equilíbrio, tontura, falta de ar, alguma palpitação ou tremor, por exemplo.

Uma das marcas desse processo é a falta de confiança no corpo. A pessoa vive uma profunda desconfiança do funcionamento do organismo e das sensações que dele derivam.

Os estados de ansiedade são acompanhados por alterações respiratórias que costumam produzir hiperventilação. Esta cria um desequilíbrio entre os níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue, levando a várias manifestações perceptíveis, como formigamentos, aceleração dos batimentos cardíacos, tontura, sensação de falta de ar etc., sinais típicos das crises de Pânico.

A ansiedade desperta muitas sensações, decorrentes da hiperventilação, que tendem a ser interpretadas pelas pessoas com Pânico como indícios de uma crise iminente. A ansiedade dessa sensação de iminência leva a mais ansiedade e, conseqüentemente, a mais hiperventilação, com mais sensações, num labirinto crescente em direção ao pânico.

O controle da hiperventilação, por meio de exercícios respiratórios específicos, é um recurso importante no controle das crises de Pânico.

OS MOMENTOS DE TRANSIÇÃO

Todos os momentos de transição na vida podem ser pontos críticos que levam às experiências excessivas, que ultrapassam as possibilidades de assimilação de uma pessoa. São momentos favoráveis para a eclosão dos muitos tipos de sofrimento emocional, entre os quais a Síndrome do Pânico.

As transições difíceis podem ocorrer nas mudanças de fases da vida, como a passagem pela puberdade, a saída da adolescência, a passagem para a vida adulta, para o adulto maduro, para a terceira idade.

Há inúmeros outros momentos e situações críticas de transição - o crescimento dos filhos, a perda de satisfação e de sentido no trabalho, o fim de um relacionamento afetivo, o nascimento de um filho, entre vários e vários outros.

Todas essas situações de transição podem produzir abalos intensos no modo de vida de cada um. Muitas pessoas não se dão conta dessas passagens, dessas "crises"; apenas sentem seus efeitos posteriores e sintomas.

Esses momentos críticos são favoráveis para iniciar o processo de desequilíbrio interno, de marginalização de partes de si, que poderá levar algumas pessoas a desenvolverem Síndrome do Pânico. Essa é uma forte possibilidade reativa em pessoas que já apresentam uma acentuada tendência à desconexão psique-soma.

A origem da Síndrome do Pânico precisa ser buscada na história de vida da pessoa, geralmente na época em que começaram as crises, quando aspectos importantes de sua vivência foram deixados de lado e retornam como elementos estranhos à própria pessoa, levando à resposta de pânico.

O excessivo nas transições

Vamos falar de um caso, entre muitos outros, em que a transição foi notadamente o deflagrador de um processo que levou à Síndrome do Pânico.

Uma mulher chega à terapia com uma história de 12 anos de Pânico. Pudemos observar, ao longo de seu processo, sua dificuldade em lidar com as mudanças decorrentes do avançar para a terceira idade, as mudanças em seu corpo, nos ritmos internos, na imagem social, na situação econômica etc.

Na época que se seguiu à menopausa, essa pessoa foi endurecendo seu corpo, numa tentativa ferrenha de manter uma situação interna que buscava negar as mudanças em andamento. Ela criou uma batalha interna silenciosa, para manter um modo de funcionamento e uma imagem de si – "ativa e alegre" como antes –, deixando uma parte de si marginalizada, escondida de si mesma.

Essa pessoa insistia em um modo de viver que não condizia com sua realidade interna nem externa, tentando negar as afetações das transformações que ocorriam em seu corpo e outras mudanças em sua vida, como seu padrão econômico, que caiu com o envelhecimento do marido, o provedor da casa.

Conforme os acontecimentos se faziam mais evidentes e a estratégia de negar partes de si não dava mais conta, essas partes negadas, excluídas, foram voltando, minando aos poucos a aparente segurança conquistada. Essas afetações expulsas retornavam como sensações e sentimentos não assimilados, que eram, então, vividos como estranhos dentro dela.

Ela sentia coisas que não conseguia nomear, identificar, e, assim, surgia a ansiedade – que é uma reação frente ao desconhecido dentro de si. A pessoa estranhava o que tais sensações e sentimentos produziam e reagia com ansiedade e pânico frente àquelas experiências.

As sensações não tinham nome, não tinham sentido, e eram vividas como se fossem reações estranhas, loucas, que ameaçavam a integridade de sua vida, desencadeando respostas de intensa ansiedade.

Tudo parecia sem sentido, mas, na realidade, tudo tinha um sentido, desconhecido para a pessoa.

Reconhecendo as transições, elaborando os processos em andamento, reconectando-se com suas experiências somáticas, modulando suas formas somáticas para acolher as novas afetações, essa mulher pôde sair do estado de Pânico e encontrar modos mais formativos em sua existência.

O estranhamento de coisas em si produz ansiedade como reação ao desconhecido. O estado de ansiedade produz ainda mais reações no corpo, como hiperventilação, reações nos batimentos cardíacos, no fluxo de sangue, no estado de consciência etc. A pessoa vai sendo tomada por uma avalanche de reações que parecem sem sentido, como se fossem levá-la à loucura, à morte.

Podemos dizer que as causas do processo que leva ao pânico são experiências internas não assimiladas. A pessoa não consegue identificar o que está vindo junto com as crises, todas as experiências de vida que foram negadas, excluídas de seu mundo, e, assim, acaba tendo crises de pânico frente ao desconhecido que a invade por dentro.

A essas experiências não assimiladas, a pessoa reage com uma desconexão cognição-soma, o que leva às crises de pânico.

Conflito de formas

Um cliente de 46 anos chega para o tratamento com uma história de muitos anos de crises de Pânico e depressão. Fala de seu problema com uma certa distância e objetividade, como se se referisse a algo externo a ele, algo com que não está identificado. Conta histórias em que se mostra bastante orgulhoso de suas conquistas profissionais e financeiras, mas, ao mesmo tempo, diz que está sofrendo muito e que sua vida está um inferno. Em seu modo de falar, evidencia-se um elevado grau de autocontrole.

Deitado, já podendo se perceber mais, diz que sente uma grande tristeza no peito, com um forte desânimo; sente insegurança e fantasia perder todo seu dinheiro, o que diz ser racionalmente infundado, pois tem um bom patrimônio.

Observando suas expressões, gestos e formas, percebemos que seu rosto apresenta uma expressão em desacordo com o estado do seu peito.

Intensificando volitivamente essa expressão do rosto, vai se organizando em todo o seu corpo uma forma somática em que ele fica rígido e insensível em relação ao mundo e a si mesmo. Relata que essa é uma atitude muito conhecida sua, "para inibir o sofrimento" emocional; diz que tem muito "medo de sentir dor", que luta para não sofrer com experiências como perdas afetivas e quebras de vínculos e que faz de tudo para "não sentir". Ele já percebe que, por exemplo, quando vai cumprimentar alguém, muitas vezes acha que está sorrindo, mas de fato não está. Sente a alegria interna, mas a emoção não chega a ser expressa em seus gestos.

Conforme desorganiza vários graus de sua forma rígida, vão surgindo experiências mais profundas que lhe lembram a sua juventude, a época em que tocava um instrumento musical etc.

Assim, fomos cartografando suas organizações somáticas e encontramos duas formas e territórios conflitantes. Uma forma do "durão" e outra, mais suave e afetiva.

Seu repertório de formas somáticas falava de um garoto adolescente muito sensível, que endureceu para dar conta de sua fragilidade e poder "crescer na vida" a partir de um ambiente emocional familiar muito árido.

Essa forma do "durão" passou a inibir o seu modo suave, uma forma somática passou a impedir a emergência de experiências de outra ordem, o território do "durão" limitava muitas possibilidades de afetividade e sensibilidade em sua vida.

Essa pessoa havia criado uma estratégia de enrijecimento somático para escapar de uma situação de muita dor e fragilidade em sua vida e para alcançar um modelo de homem que ele havia idealizado. No entanto, havia instaurado dentro de si uma verdadeira ditadura de um modo rígido sobre um modo sensível.

Podemos observar, nesse caso, um funcionamento duplo, duas organizações somáticas, dois modos de ser brigando entre si. No jogo de forças instalado, cada forma somática representava uma ameaça à outra. Pela ótica do seu modo "durão", o seu maior medo era perder o dinheiro e o status, as maiores conquistas desse modo de funcionar. Assim, o seu medo aparentemente "infundado" era, na realidade, a ameaça de rachar uma estrutura dura, porém frágil, construída literalmente com sacrifício de outras partes de si a partir de uma política interna opressiva.

Quando seus sentimentos cresciam, aumentava seu endurecimento, cindia a experiência somática da percepção consciente, até o ponto em que vivia suas sensações com profundo estranhamento e ameaça, o que o levava ao Pânico.

Esse homem oprimia havia muitos anos sua forma mais afetiva, numa luta constante para paralisar e negar as afetações dos encontros com o mundo, uma tarefa fadada ao fracasso, mas sempre reempreendida à custa de crises episódicas de pânico e de muita medicação para tentar calar o desconforto.

Encontramos freqüentemente, nos casos de Pânico, um conflito de formas somáticas, com uma história que fala de momentos de transição em que a organização de um modo de existência implica na tentativa de paralisação das afetações, dos acontecimentos, das transformações.

O Pânico é uma reação a um estado interno do qual a pessoa não dá conta, algo que ela sente e que não cabe em seu modo habitual de funcionar, algo que ameaça as suas formas dominantes e passa a incomodar por baixo, como excitação não assimilada, que não pode se expressar em formas somáticas novas. Frente a essa excitação, a pessoa reage com estranhamento, susto, ansiedade e pânico.

O TRATAMENTO

Padrões de distresse: a pré-crise constante

Se uma pessoa está muito paralisada num determinado modo de funcionamento, num padrão de distresse, seu repertório de respostas torna-se limitado e sua abertura e flexibilidade para lidar com diferentes situações, reduzidas. Essa pessoa será mais freqüentemente ameaçada pelo excessivo, pois terá menos possibilidades de modular suas formas somáticas para receber novas excitações, menos possibilidades de criar respostas diferentes, de se adaptar a uma nova situação.

Uma pessoa cristalizada no padrão de desconexão poderá, freqüentemente, responder com desconexões frente às afetações e, assim, reagir com crises de Pânico. É importante reconhecer e trabalhar esses padrões, para desativar o gatilho armado do Pânico e diminuir a ocorrência de crises.

Observamos que, geralmente, após as crises, a pessoa permanece em estado de prontidão para ter novas crises, pois ainda mantém organizados os padrões de distresse que a levaram ao Pânico. Aliás, foi a organização desses padrões ao longo da vida que preparou o terreno para o Pânico.

Por exemplo, a contração crônica do diafragma e a desorganização da autopercepção (desconexão) são traços psicofísicos que mantêm a pessoa em estado de prontidão para ter novas crises.

Precisamos desarmar esses gatilhos, por meio da desorganização dos padrões somáticos que deixam a pessoa ansiosa, em estado de pré-crise, e sem outro recurso para lidar com a excitação além da desconexão psique-soma ou da depressão.

A depressão é também um modo de lidar com a excitação interna, limitando e diminuindo a vitalidade e a pulsação emocional. Uma pessoa com Pânico que deprime pode estar lançando mão de um recurso de proteção pois, limitando sua mobilidade e motilidade, encontra um modo de diminuir a excitação e, assim, evitar o Pânico. A depressão pode ser também um modo de se proteger contra o Pânico, até que a pessoa tenha condições de lidar com um nível maior de excitação com forma e sentido.

Por trás da desconexão cognição-soma, há sempre uma excitação que não encontra modo de expressão. Esse processo atua como um deflagrador, levando uma pessoa a usar o recurso radical da desconexão para lidar com experiências internamente excessivas. Esse fato não é consciente, e o surgimento do Pânico parece sempre "sem motivo". A identificação das transições em andamento, dos conflitos de formas, das afetações inaceitáveis, é fundamental para a superação da Síndrome do Pânico.

No trabalho terapêutico, atuamos sobre os padrões psicofísicos que constituem a resposta do Pânico em suas relações com a história de vida. Precisamos atentar para as interrupções do processo formativo, os padrões de distresse envolvidos, a dinâmica funcional dos sintomas, os fatores existenciais da história de vida, os processos vinculares e os fatores contextuais, como, por exemplo, ambientes com diferentes qualidades.

Um enfoque global permite tanto um alívio do sofrimento trazido pelas crises quanto a superação e a cura, por chegar às causas que precipitaram o Pânico.

Algumas pessoas chegam para tratamento muito paralisadas pelo excesso de crises de pânico. Nesses casos, podemos indicar a utilização de medicamentos específicos paralelamente ao tratamento psicoterapêutico.

As técnicas utilizadas

A pessoa aprende técnicas para influenciar as suas crises. Primeiro, aprende técnicas para diminuir a intensidade das crises; depois, como limitá-las e evitá-las, até atingir um ponto, no decorrer da terapia, em que não as têm mais.

Assim, a pessoa vai saindo da fase das crises, podendo assimilar os sentimentos e sensações que a haviam levado ao Pânico; vai reconhecendo as transições em sua vida que não estavam sendo elaboradas e encontrando modos mais vitais de lidar com as afetações e os encontros.

As principais técnicas utilizadas são o manejo postural dos estados de ansiedade, exercícios respiratórios, trabalhos com centralização da atenção e trabalhos de convergência binocular focal, entre algumas outras. Trata-se de técnicas com ação específica para a situação de Pânico, que ajudam a manejar as intensidades da ansiedade e do pânico.

Os exercícios somáticos são fundamentais por vários motivos:

– atuam sobre a questão central do pânico, a da integração cognição-soma;

– levam a resultados muito significativos no manejo dos estados de ansiedade e pânico;

– realizam uma verdadeira educação somática, ensinando meios para a pessoa gerenciar seu processo formativo, modulando suas formas somáticas, as matrizes dos territórios existenciais, aprendendo modos de navegar nos devires, participando ativamente da construção de sua própria existência.

Ampliando: transições e história de vida

Na terapia, buscamos ampliar a compreensão dos processos afetivos, recontando a história de vida a partir da realidade somática formativa, revendo os acontecimentos e os modos de lidar, para esclarecer os "nós" que levaram ao Pânico.

Mapeamos as transições, as crises e as pressões presentes nos momentos em que o Pânico começou, as formas e as estratégias de vida que não deram conta dos acontecimentos, as formas e os processos emergentes. Buscamos reconectar a pessoa ao seu processo formativo.

A superação da Síndrome do Pânico é possível pela aquisição de maior capacidade de elaboração das emoções, pela reorganização dos padrões de distresse que levaram ao Pânico e mantiveram-no e pela formação de outros modos de sentir, perceber e agir, criando caminhos pessoais mais satisfatórios.

No tratamento de uma pessoa com Pânico, precisamos aproximá-la das afetações em sua vida, do reconhecimento das formas que surgem dessas afetações e dos novos sentidos que podem derivar em sua vida a partir daí. Precisamos abrir os territórios existenciais a novos sentidos e afetos, à criação contínua de novas formas no processo de construção da existência.

Superar a experiência do Pânico pode ser uma grande oportunidade de crescimento pessoal; de uma retomada vital e contemporânea do processo formativo.

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Notas:

* Este texto pode ser parcialmente reproduzido desde que se faça a referência do autor e da fonte.
Modo de citação sugerido:

Scarpato, Artur. O estranho que me habita: a Síndrome do Pânico numa perspectiva formativa, Revista Reichiana,São Paulo, numero 10, 2001, p. 50-66.

**Autor: Artur Thiago Scarpato : Psicólogo clínico (PUC SP). Mestre em Psicologia Clínica (PUC SP). Possui quatro especializações na área de Psicologia: Especialização em Psicologia da Reabilitação pelo HC FMUSP, Especialização em Cinesiologia Psicológica pelo Instituto Sedes Sapientiae, Especialização em Teoria e Técnica Reichiana pelo Pulsar - Centro de Estudos Energéticos e Especialização em Educação Somática Existencial pelo Centro de Educação Somática Existencial. Trabalha em consultório particular com psicoterapia individual e de grupo. Autor de diversos artigos na área.

FONTE,Artigo publicado na Revista Reichiana do
Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo, número 10, 2001, p. 50-66.

1°SINDROME DO PANICO O QUE E COMO TRATAR

Síndrome do Pânico: o que é e como tratar
25/05/2009 - 15h46 (Laila Magesk - Da Redação Multimídia)

Todo mundo tem medo de alguma coisa. Pode ser de ficar sozinho, de escuro, de cobra, de altura, de lugar fechado, de perder o emprego. O melhor é saber que ter medo é saudável. "É importante saber que todas as pessoas têm medo e que ter medo é saudável, pois é graças a ele que estamos vivos. A ansiedade ou o medo não é doença; fazem parte do nosso sistema biológico de sobrevivência. Entretanto, quando o medo é desproporcional a uma situação ou objeto, essa situação ou esse objeto passa a ser evitado, causando transtornos na vida pessoal, escolar ou profissional é chamado de fobia", explica o professor do Curso de Psicologia da Ufes
Elizeu Bortoli.

O professor, em entrevista ao Vida Saudável, mostra como devemos lidar com a ansiedade generalizada. Ele explica o que é síndrome do pânico, como tratar e quem são as pessoas mais atingidas por esse mal.


Leia mais sobre saúde no www.gazetaonline.com.br/vidasaudavel


O que é a síndrome do pânico?

Transtorno da ansiedade é um grupo de problemas psicológicos que tem a ansiedade desproporcional como pano de fundo. O grupo é composto pela fobia específica (medo de alguma coisa, por exemplo, medo de dirigir), a fobia social (medo de gente), a ansiedade generalizada (medo da preocupação), o transtorno obsessivo-compulsivo (medo das consequências de fazer ou de ter feito algo), estresse pós-traumático (medo de lembrar ou reviver um trauma) e a síndrome do pânico (medo de ter medo).

As mudanças no organismo da pessoa indicam o diagnóstico da síndrome do pânico (é síndrome porque é um conjunto de sintomas). Caso essas transformações ocorram de forma repetida e inesperada e na ausência de doenças físicas (por exemplo, hipertireoidismo), pode ser um sinal de que a pessoa está diante de um quadro de síndrome do pânico: ritmo cardíaco acelerado ou palpitações no coração, suor excessivo, tremores, sensação de sufocamento e de aperto na garganta, dor no peito, enjoo, tontura, sensação de desmaio, sensação de estar fora da realidade, medo de perder o controle ou enlouquecer, sensação de formigamento, calafrios e medo de morrer.

Você já experimentou um ataque de pânico quando quase atropelou um cão no asfalto ou quando o ônibus em que estava foi invadido por um assaltante, por exemplo. A diferença entre o seu ataque de pânico e o transtorno do pânico é que no transtorno o ataque se repete e é seguido por uma preocupação persistente de ele se repetir, pois se antecipa uma consequência improvável: ter um ataque cardíaco ou enlouquecer. O "medo do medo" acaba exacerbando o medo: na tentativa vã de controlá-lo, ele se intensifica. Isto gera ataques espontâneos que parecem "vir do nada".

Quem pode ter a síndrome?

A origem do transtorno do pânico é múltipla, sendo que os aspectos psicológicos são os mais importantes no desencadeamento do transtorno. A ciência do comportamento aponta alguns fatores que podem predispor uma pessoa a desenvolver o transtorno do pânico: a ansiedade de ficar longe dos adultos na infância e a perda subida de pessoas que são o seu suporte na vida.


"O medo de morrer é um dos sintomas da síndrome do pânico ou do transtorno obsessivo-compulsivo e deve ser manejado como todos os outros"
Além disso, há indícios de que o transtorno do pânico é mais comum entre pessoas com familiares com o transtorno, personalidade dependente e com dificuldade de dizer não e fazer valer seus direitos interpessoais e entre aquelas que sempre tendem a interpretar o que acontece nos seus corpos como "catástrofes".

Segundo as pesquisas, quem tem entre 15 e 19 anos estaria na faixa de idade do início do transtorno do pânico. Quem tem mais de 30 anos estaria fora da incidência. É importante lembrar que a agitação das grandes metrópoles não tem relação com o transtorno do pânico, ao contrário do que se pensa, o transtorno é mais frequente em pessoas que residem na zona rural.

Quanto ao sexo, o que se sabe é que os transtornos da ansiedade têm ocorrência duas vezes maior nas mulheres e que a agorafobia (ou o medo de estar em lugares ou situações onde o escape seria difícil ou embaraçoso caso se tenha uma crise de pânico), que em geral acompanha o transtorno do pânico, acomete oito vezes mais as mulheres.

Tratamento

Na maioria dos casos, é necessário tratar o paciente com medicamentos (antidepressivos) aliados à psicoterapia, como mostra o site Pânico Nunca Mais!

A terapia comportamental e cognitiva é um dos tratamentos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Parte do tratamento envolve a análise e o contraponto entre as regras que o paciente usa para viver e as consequências dos acontecimentos.

A relação com o profissional de saúde deve gerar a convicção que ninguém morre de pânico. Isto é uma verdade confirmada nas consequências das ações. No caso do pânico, os sintomas têm relação com a sobrevivência e não com a morte.

Outra parte do tratamento, introduzida lentamente, envolve a aceitação do medo como parte da vida. Há técnicas para trazer ansiedade ao corpo e experimentá-la de outra forma. Trata-se de desaprender o medo aprendido de certas sensações corporais associadas com ataques de pânico.

Com relação às crises, elas podem aparecer sem nenhum motivo aparente, em diferentes fases da vida. Já sabemos que situações de grande estresse podem desencadear o início das crises, mas cada pessoa pode desenvolver a síndrome do pânico por razões muito distintas.

As crises podem durar apenas alguns minutos como também mais de uma hora, e costumam ser mais frequentes e violentas com o passar do tempo. O medo de novas crises acaba fazendo com que a pessoa evite uma série de situações associadas às crises (por exemplo, se a primeira crise foi num local fechado, ela passará a evitar lugares assim).

Com esse evitamento de situações que aparentemente favorecem o surgimento das crises, a pessoa sofre grandes limitações em seu cotidiano e atividades habituais, chegando, nos casos mais agudos, a ficar muitos meses e até anos sem sair de casa.

Acompanhe nesta terça-feira (26), a segunda matéria da série O Poder da Mente que irá falar sobre depressão.

FONTE,GAZETAONLINE

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