A Síndrome das Pernas Inqueitas (SPI) é uma doença crônica que se caracteriza por sintomas exclusivamente subjetivos, de sensações de desconforto, de parestesias nos membros, principalmente inferiores, presentes no repouso e que são aliviadas pela urgência em movê-los. Os pacientes referem sensações disestésicas, descritas como agulhadas, um prurido interno, que melhoram com uma atividade motora intensa, com movimentos vigorosos das pernas em flexão, extensão ou cruzamento. Esses sintomas pioram no decorrer do dia ou à noite, interferindo na qualidade do sono. A intensidade desses sintomas varia de um paciente a outro e também com relação a freqüência. Assim, o paciente pode permanecer assintomático por determinados períodos ou ser acometido pelos sintomas várias vezes ao dia.
Os sintomas pioram com a idade. É uma doença da meia idade, podendo surgir entre 27,2 e 41 anos. Os sintomas das pernas inquietas provocam um grande impacto negativo na vida do seu portador: a disestesia contínua no leito pode gerar um desespero tão intenso a ponto de o paciente ter idéias suicidas; problemas de ordem conjugal surgem, por causa dos movimentos contínuos causados durante o sono pelo paciente. Muitos pacientes referem sonolência diurna e fadiga. Em casos mais graves, o paciente deixa de ter uma vida social adequada, e por exemplo, é impossibilitado de fazer viagens longas, assistir a filmes, participar de reuniões sociais ou simplesmente ler um livro.
EPIDEMIOLOGIA
Existe uma relação familial em 1/3 dos casos, sendo a herança provavelmente autossômica dominante, de penetrância variável.
A SPI pode estar relacionada a outras condições, como anemia ferropriva e polineuropatia. A relação com a polineuropatia não é bem clara, podendo para alguns autores ser ela a causa da SPI.
A prevalência da SPI é variável e, de acordo com vários trabalhos, é estimada em 2,5% a 12%, dependendo da metodologia empregada. É maior no sexo feminino (17%) em relação ao masculino (13%) e maior na população idosa.
Movimentos periódicos do sono: a maioria dos pacientes com SPI apresenta durante o sono movimentos estereotipados e repetitivos, a cada 20 a 40 segundos, principalmente dos membros inferiores. Cada movimento com duração de 0,5 a 5 segundos, caracterizados por extensão do hálux, dorsiflexão do pé e flexão do joelho e quadril. Os movimentos periódicos dos membros durante o sono é uma entidade nosológica independente. Esses episódios ocorrem mais freqüentemente na primeira metade da noite, provocando microdespertares e consequentemente levam a fragmentação do sono, sono pouco reparador e sonolência diurna.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Para se definir melhor o que é SPI, visando uma melhor compreensão clínica e um desenvolvimento maior de pesquisas, o Grupo Internacional de Estudos da SPI, propôs critérios mínimos de diagnóstico para SPI. São 4 os critérios mínimos para o diagnóstico da SPI:
desejo de movimentar os membros, geralmente associado a parestesia ou disestesia, sensações que ocorrem espontaneamente, durante o despertar, na "profundidade das extremidades" e não superficialmente na pele.
inquietude motora _ os pacientes durante a vigília se mexem para aliviar os sintomas de parestesia ou disestesia ou de desconforto nas pernas.
sintomas pioram ou estão presentes só no repouso.
sintomas pioram no fim do dia ou à noite.
Outras características clínicas, ainda de acordo com o Grupo Internacional de Estudos da SPI, são:
distúrbios do sono e suas conseqüências _ insônia inicial, de manutenção e fadiga e sonolência excessiva diurna.
movimentos periódicos dos membros durante o sono e movimentos involuntários em vigília e em repouso.
exame neurológico e eletroneuromiografia são normais nas formas idiopáticas. As formas secundárias apresentam as evidências clínicas e laboratoriais de acordo com a etiologia.
a SPI pode ocorrer em qualquer idade, mas os pacientes mais gravemente afetados são de meia idade e idosos. Mesmo que ocorra remissões por período longo, a SPI é uma condição crônica. Pode surgir ou ser exacerbada na gravidez e piorar com a cafeína.
história familial: algumas vezes presente e sugere uma herança autossômica dominante.
TRATAMENTO
Deve ser instituído quando os sintomas são graves durante o dia ou interferem no sono. Nos casos sintomáticos pode haver possibilidade de controle e real melhora na qualidade de vida.
Os aspectos relativos ao tratamento ainda são controversos. Não existe ainda nenhum medicamento específico para o tratamento da SPI. Nenhum medicamento ainda mereceu um enfoque multicêntrico, num desenho de pesquisa adequado e com observação a longo prazo. Não há estudos comparando diversos medicamentos na mesma população e que relacionem o tratamento com a qualidade de vida.
Quatro classes de medicamentos podem ser usadas:
Agentes dopaminérgicos
Opióides
Benzodiazepínicos
Anticonvulsivantes
A American Academy of Sleep Medicine reconhece que os agentes dopaminérgicos são as drogas que melhor resultado oferecem no tratamento da SPI.
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Em adolescentes, SPI secundária ao estoque baixo de ferro está associada com insônia inicial grave e movimentos periódicos de membros.
Em crianças, os sintomas de SPI e movimentos periódicos de membros são inespecíficos tais como dores de crescimento, sono não repousante, insônia e sonolência diurna, mas freqüentemente não são percebidos pelos pais. Também sugere-se correlação entre SPI e hiperatividade com déficit de atenção. Sabe-se também da íntima relação entre anemia (baixos níveis de ferro e ferritina séricos) e SPI e a melhora clínica com a ferroterapia.
BIBLIOGRAFIA
Síndrome das Pernas Inquietas. Revista Neurociências.
Especialistas alertam para o impacto da Síndrome das Pernas Inquietas na vida dos pacientes e ressaltam a importância do diagnóstico correto.
Síndrome das Pernas Inquietas.
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